17 DE ABRIL DE 2018
ARTIGO
ENSINAR E APRENDER COM VELHOS
É comum querer tratar velhos como se fossem crianças. Serve para lidar com os que já não têm condições mentais e físicas para gerenciar suas existências com autonomia. Muitos conflitos que se verificam entre eles e seus jovens são desnecessários.
O hábito dos mais moços de achar que seu jeito de conduzir a vida dos velhos é melhor, nem sempre corresponde à verdade nem os torna mais felizes. Por vezes não sabemos o que é melhor para nós. Por que achar que se sabe o que é melhor para o velho? Melhor saber o que sentem e pensam.
Há uma tendência de medicalizar a velhice. Nem tudo precisa ser tratado. Lembro o que Darwin identificou, sobrevive quem se adapta, não o mais forte. Bernard Lown cita um adágio que diz que não se conserta o que não está quebrado. Velhice não é doença. Devemos tratar as doenças que acometem velhos, como tratamos as que atingem jovens. O desafio é reconhecer o que o envelhecimento muda em cada um.
Ajudar velhos e seus familiares com criatividade para fazer as adaptações a essa fase da vida pode ajudar mais do que buscar mudanças ou dar remédios. Só não é assim para os que perderam o vigor físico e a lucidez, os que estão dependentes. Não sendo isso, é melhor apoiá-los no seu jeito, protegê-los de riscos, aprender com eles.
FLAVIO JOSÉ KANTER