sábado, 21 de abril de 2018


21 DE ABRIL DE 2018
LYA LUFT

Humanos e animais


Outro dia, falava com as netas sobre humanização de pets. O assunto me interessou, despertou minha curiosidade, pois sempre houve pets em minha casa (desde quando esse termo nem existia), embora, admito, ultimamente andem mais humanos.

Já tenho cachorrinhos (sou cachorreira) dentro de casa, coisa antigamente impensável. Meu marido, inclusive, na sua primeira casa, só tinha cachorro no pátio. Comigo, acostumou-se a esses pets meio humanos, e devo dizer que gosta deles, que, por sua vez, o veneram.

Por muitos anos, tive aqui na cobertura duas pets, uma delas a pug Meg, a Gorda sobre a qual escrevi recentemente e que, muito doentinha, aos nove anos morreu. A outra, a minha spitz míni, já dorme no nosso quarto e, confesso, às vezes sobre o nosso edredom. Perfumada e mimosa, não é mais bem um bicho, mas quase uma pessoazinha, embora eu não lhe ponha vestidinhos, porque me desagrada ver cachorros de roupa.

Só falta que, a qualquer hora, me encarando com esse seu focinhinho quando quer me dizer que falta água, falta comida, falta a Gorda, ou quer colo, comece realmente a falar. E tanto converso com ela, que às vezes receio que abra a boca e responda com sua voz de spitz algo como "Sim, mamãe", quando certamente cairei desmaiada, dando bastante trabalho a quem me socorrer.

Agora, para os próximos dias, espero um novo bebezinho, e disse isso a uma amiga ainda ontem, sob o espantado olhar do seu porteiro: "Semana que vem chega meu bebezinho". Já tem nome, Pandora, bem maior do que ela mesma, cuja foto não paro de olhar e me enternece de maneira patética. Alguém me disse que Pandora foi quem abriu a caixa soltando os males pelo mundo, de modo que seria um nome funesto. Mas respondi, com alegria, que na caixa de Pandora tinha sobrado um último elemento, o mais precioso de todos, que veio nos habitar: a esperança. E assim me sinto reconciliada com o nome, que aliás é personagem de meu livrinho mais recente, A Casa Inventada.

Pandora é uma spitz micro: será, quando adulta, quase metade da já pequena Melanie, e me divirto por antecipação com as diabruras, os mimos, os carinhos, a maternidade minha, o possível ciúme inicial da irmã.

Com minha amada amiga Nélida Pinõn, atualmente residindo por breve tempo em Lisboa, troco fotos e gracinhas das nossas filhas de quatro patas. A dela, registrada como Suzy Piñon, a minha, Pandora Luft. Rimos, as duas, no WhatsApp, com nossas inocentes maluquices ternas. Pena que não posso botar aqui uma foto da nova bebê, com seu rostinho de urso diminuto, sua graça sem nome, seus olhinhos de mil pedidos e sua quentura aninhada no meu colo... certamente junto com sua irmã Melanie.

Um dia vou pensar e escrever sobre a animalização dos humanos. Não será preciso refletir muito... Por hoje, só carinho e expectativa de um novo bebê.

LYA LUFT