26 DE ABRIL DE 2018
ARTIGOS
ESCOLHAM OS LIVROS!
Nos últimos tempos, muitos levantaram-se contra a intervenção militar, enquanto outros indicaram os militares como os únicos capazes de instaurar a ordem. Defender a ordem, contudo, não pode significar apoiar a militarização ou a entrega de armas à população. É defender o que a natureza sempre nos mostrou: a perfeição dos ciclos, a organização e harmonia dos elementos, a não destruição.
O pensamento armamentista é reducionista, simples, percebe uma parte da realidade. Como afirmou Platão: "É a mais radical maneira de aniquilar toda argumentação, esta de separar cada coisa de todas as outras, pois a razão nos vem da ligação mútua entre as figuras".
E o que nos resta, então? A educação, enxergada como "um desafio e não resposta" (Edgar Morin), como muitos afirmam. E para ser efetiva, empoderadora e com resultados, não depende da delegação de responsabilidades, mas da visão de que educar é tarefa de toda a sociedade.
Pode-se saciar a sede de ação e violência nas histórias com ficção. Por isso, como professora, sugiro livros no lugar de armas, para reacender o humano em nós, criar vínculos e não reforçar separações. Sobretudo para que as crianças tenham seus sonhos alimentados e não destruídos. Sentindo-se fortalecidas contra a influência das notícias, do consumismo, da competição, da desvalorização do outro, do amor permissivo e abusivo, da erotização de tudo.
Sonho que essa pedra no meio do caminho (Drummond) renove nossa percepção. Para que possamos nos reerguer como indivíduos dispostos a olhar para o mundo e as pessoas com cuidado, aprendendo que tudo está interligado, unindo nossas mãos às das mães e filhos nas vielas, nas favelas, com medo da violência, com medo dos militares.
Como afirma Morin, "não é a esperança o que faz viver, é o viver que cria a esperança que permite viver". Que vivamos em paz e com livros!
Professora jocelainepolita@gmail.com - JOCELAINE SERRO POLITA