terça-feira, 3 de junho de 2014


03 de junho de 2014 | N° 17817
L.F.VERISSIMO

VERISSIMO NA COPA O CR

Existem fenômenos inexplicados na física quântica. Se uma partícula subatômica é repartida e vai cada parte para um lado, o que acontecer com uma parte acontece para a outra. Ou seja, é como se você cutucasse o Chico Caruso no Rio e o Paulo Caruso sentisse em São Paulo. Outro fenômeno estranho é o seguinte: os átomos se comportam de uma maneira se são observados e de outra se não são observados.

O olhar do observador interfere na movimentação do átomo. Trazendo o mistério para um nível mais, digamos, rasteiro: o Chico Buarque contou que nunca viu o Cristiano Ronaldo jogar bem. Claro, não existe uma relação direta de causa e efeito, o olhar do Chico determinando a atuação do Cristiano Ronaldo. É coincidência.

Estão aí as estatísticas do melhor jogador de futebol do mundo da atualidade para provar que sua reputação não é mentirosa. É um goleador, é um líder, é mesmo muito bom. O Chico apenas o viu em dias ruins, como todo o mundo tem. Quantas vezes não vimos o Neymar desaparecer em campo?

Quantas vezes o próprio Chico não pegou o violão e não saiu nada, nem uma modinha? Mas me dei conta de que eu também nunca vi o Cristiano Ronaldo jogar bem, ou jogar de acordo com sua fama. Na única vez que o vi jogar ao vivo foi na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, e foi num dos seus piores momentos.

Na última vez em que o vi jogar pela TV, há dias, quando o Real Madrid ficou com a Liga dos Campeões que o Atlético de Madrid já estava botando na mala, sua comemoração aloucada foi inversamente proporcional à sua má atuação no jogo. Mas o Chico e eu apenas não tivemos sorte, ainda. Pelo menos não será a nossa experiência que confirmará a física quântica.


Gosto do CR, até das suas poses. Gostei de ler a seu respeito, que ele relutou a sair da Ilha da Madeira, onde nasceu, e trocar família e amigos de infância por uma possível carreira no futebol português. Não é verdade que ele já era tão convencido quando saiu da Madeira que prometeu voltar de Portugal a pé, pois caminharia sobre a água. E gostei de saber o doce nome do time em que ele jogava, como garoto: Andorinha. Vamos ver o que fará nesta Copa o moço do Andorinha.