03
de junho de 2014 | N° 17817
L.F.VERISSIMO
VERISSIMO NA COPA O
CR
Existem fenômenos inexplicados na física quântica. Se
uma partícula subatômica é repartida e vai cada parte para um lado, o que
acontecer com uma parte acontece para a outra. Ou seja, é como se você
cutucasse o Chico Caruso no Rio e o Paulo Caruso sentisse em São Paulo. Outro
fenômeno estranho é o seguinte: os átomos se comportam de uma maneira se são
observados e de outra se não são observados.
O
olhar do observador interfere na movimentação do átomo. Trazendo o mistério
para um nível mais, digamos, rasteiro: o Chico Buarque contou que nunca viu o
Cristiano Ronaldo jogar bem. Claro, não existe uma relação direta de causa e
efeito, o olhar do Chico determinando a atuação do Cristiano Ronaldo. É
coincidência.
Estão
aí as estatísticas do melhor jogador de futebol do mundo da atualidade para
provar que sua reputação não é mentirosa. É um goleador, é um líder, é mesmo
muito bom. O Chico apenas o viu em dias ruins, como todo o mundo tem. Quantas
vezes não vimos o Neymar desaparecer em campo?
Quantas
vezes o próprio Chico não pegou o violão e não saiu nada, nem uma modinha? Mas
me dei conta de que eu também nunca vi o Cristiano Ronaldo jogar bem, ou jogar
de acordo com sua fama. Na única vez que o vi jogar ao vivo foi na Copa do
Mundo de 2010, na África do Sul, e foi num dos seus piores momentos.
Na
última vez em que o vi jogar pela TV, há dias, quando o Real Madrid ficou com a
Liga dos Campeões que o Atlético de Madrid já estava botando na mala, sua
comemoração aloucada foi inversamente proporcional à sua má atuação no jogo.
Mas o Chico e eu apenas não tivemos sorte, ainda. Pelo menos não será a nossa
experiência que confirmará a física quântica.
Gosto
do CR, até das suas poses. Gostei de ler a seu respeito, que ele relutou a sair
da Ilha da Madeira, onde nasceu, e trocar família e amigos de infância por uma
possível carreira no futebol português. Não é verdade que ele já era tão
convencido quando saiu da Madeira que prometeu voltar de Portugal a pé, pois
caminharia sobre a água. E gostei de saber o doce nome do time em que ele
jogava, como garoto: Andorinha. Vamos ver o que fará nesta Copa o moço do
Andorinha.