05
de junho de 2014 | N° 17819
VERISSIMO
NA COPA
VERISSIMO NA COPA MELHORES
MOMENTOS
Das
Copas que vi, a mais bem organizada, acredite, não foi a da Alemanha, foi a do
México, em 1986. Até as dores de barriga que todo o mundo teve naquela Copa – o
“cosiddetto cagoto”, como definiu a imprensa italiana – teve algo de
orquestrado. Todos tiveram cólicas ao mesmo tempo.
Foi
na Copa de 86, também, que vi o melhor jogo da minha vida, aquele Brasil e França
decidido nos pênaltis em que uma grande geração de jogadores brasileiros, já em
declínio (Zico, Sócrates, Falcão), encontrou forças para enfrentar a França de
Platini até o fim e ser eliminada pelo fortuito, por pênaltis perdidos. “Fortuito”
poderia ser o nome de um ponta-esquerda pequenininho por quem ninguém dá nada
mas costuma decidir jogos no último minuto. É impossível marcá-lo ou saber o
que ele vai fazer.
O
pior hotel em que já fiquei em cobertura de Copa foi na Coreia, um motel em que
os hóspedes tinham que trazer suas próprias toalhas. Felizmente, o Xexeo, que
chegara antes, já providenciara as nossas. Se me lembro bem, o bidê era dentro
do quarto. Mas o melhor hotel em que fiquei foi na mesma Coreia, na mesma Copa,
numa ilha paradisíaca, muito usada, nos informaram, por casais em lua de mel. Estranhei
o suave calor do quarto sem condicionador de ar à vista até me dar conta de que
o assoalho era aquecido. Para que, imagino, os pés dos casais em lua de mel não
esfriassem no caminho do banheiro.
A
melhor atuação em Copa de um jogador que vi foi a de Zidane contra o Brasil na
Copa da Alemanha (outro Brasil e França inesquecível). Quando a França entrou
em campo, apareceu uma faixa no meio da sua torcida: “Zidane – pour la legende”.
Era para Zidane jogar pensando na sua legenda. E ele obedeceu. Depois deu
aquela cabeçada no peito do italiano na final, foi expulso de campo,
prejudicando seu time e decididamente manchando a legenda. Mas contra o Brasil
foi perfeito.
Já a
mais emocionante história de um jogador individual em Copa, beirando o dramalhão
barato, foi a da reabilitação do Ronaldo no Japão, depois dos estranhos
acontecimentos, até hoje inexplicados, na Copa anterior, na França. De acabado
para o futebol para herói do Penta, foi o tipo de retorno das trevas do qual são
feitos os mitos.