07
de julho de 2014 | N° 17852
PAULO
SANT’ANA
Loucos de todo
gênero
Por
onde andamos, topamos com loucos. Eles estão no elevador conosco. Estão no
serviço onde trabalhamos, no teatro quando vamos assistir a uma peça, às vezes
há um louco dentro da nossa própria família.
Por
toda parte, há loucos em profusão.
Esses
loucos com quem topamos no nosso dia a dia não são loucos de atar. Alguns são
loucos de amar.
Alguém
já escreveu a respeito que “hospício é o quartel-general dos loucos”, isto quer
dizer que as restantes unidades militares andam apinhadas de loucos pelas ruas.
Ou
seja, há loucos em todos os nossos derredores, talvez nós próprios sejamos
loucos.
Um
pensador ilustre já disse que “louco é aquele de quem roubaram tudo, menos a
razão”. Eu acho genial essa frase.
No
tango Balada para un Loco, de Astor Piazolla, há um verso que diz: “São os
loucos que inventaram o amor”. Que coisa linda!
Hoje
me apanhei falando dos loucos, que são parte integrante e importante da nossa
rotina.
Canso
de encontrar-me, por acaso, com uma mulher bonita e exclamar: “Seria uma
loucura!”, como que insinuando que, se ela viesse a ser minha, eu mergulharia
na felicidade completa.
Já
vi muitas vezes garotos cometerem peraltices e suas mães se dirigirem a eles
carinhosamente: “Louquinho!”.
Ou
seja, para mim, a palavra louco está associada ao belo, ao bem, a tudo de
positivo. Até associada à ternura.
Vocês
já ouviram piadas sobre loucos? Podem reparar que o louco surge nas piadas
sempre como ingênuo, puro, inocente, ou seja, a palavra louco muitas vezes
designa maravilhoso, grandioso, extraordinário.
O
antigo Código Civil Brasileiro continha uma expressão odiosa: “Loucos de todo
gênero”, que foi substituída no novo Código por expressão mais atualizada
acerca dos diagnósticos psiquiátricos. Muito benfeito isso, porque há loucos
adoráveis, obcecados por uma causa ou por um grande amor.
Sempre
que ouço alguém dizer que “fulano é louco”, passo a me interessar por este
fulano.