sexta-feira, 25 de julho de 2014


25 de julho de 2014 | N° 17870
ARTIGO - EDUARDO V. C. GUARAGNA*

O APAGÃO COMO LEGADO

Vivenciamos a realização da 20ª Copa do Mundo. Já podemos tirar ensinamentos. Toda profissão, organização de sucesso tem pelo menos três elementos estruturais vitais: fundamentos, táticas e estratégias. O que são fundamentos? Conhecer os conceitos e as técnicas e aplicá-los com maestria. Exige dedicação e aperfeiçoamento contínuos.

Em futebol, é cruzar bem a bola para a área, saber bater uma falta, driblar, ter conjunto, etc. Nas profissões, significa ser uma referência, não apenas pelo que sabe, mas pelo que realiza e pode realizar. Nas organizações, é dominar os fatores críticos ao sucesso no seu negócio. No jargão empresarial, traduz-se por ter competência. E táticas? São concepções e ações que realizamos para atender metas de curto prazo nos levando ao objetivo maior. No futebol, os esquemas, tipo 4-4-2, 4-3-3, são alguns exemplos. Há forte relação entre fundamentos e ambições táticas. No campo profissional e organizacional, as ações táticas realizam a nossa estratégia.

Por fim, a estratégia. É o caminho escolhido para alcançar um objetivo significativo de longo prazo. O livro A Bola não Entra por Acaso, de Soriano, faz um rico relato das estratégias que levaram o Barcelona ao sucesso. A estratégia, as táticas e os fundamentos são dinâmicos. É papel das lideranças mantê-los alinhados e ajustados.

O mencionado apagão da nossa Seleção no jogo contra a seleção alemã não pode ser visto como tal. O escore foi anormal, mas os jogos anteriores já nos mostravam que os três elementos estruturais estavam muito deficientes. E o time alemão? Acaso? Não! Sabemos que a Alemanha reestruturou a sua abordagem sobre o futebol após o fiasco na Eurocopa 2000.

Fez o tema de casa. Podemos aprender com isso? Sim, desde que tenhamos consciência dos nossos erros e desejemos mudar. Temos de ser humildes, abrir mão da soberba. Isso se aplica a tudo. Na vida pessoal, no esporte, na saúde, na educação... O maior legado da Copa pode ser o “apagão” contra a Alemanha, se ele servir para que mudemos nosso enfoque e comportamento frente às coisas que nos dizem respeito. Parece que o Dunga irá utilizá-lo dessa forma. Tomara!


*Engenheiro, mestre em administração, diretor do PGQP, membro da Academia Brasileira da Qualidade (ABQ)