segunda-feira, 21 de julho de 2014


21 de julho de 2014 | N° 17866
ARTIGO - PAULO BROSSARD*

QUAL A SEGURANÇA DA SEGURANÇA?

Dia 17, a 10 mil metros de altitude, o Boeing 777 da Malaysia Airlines que ia de Amsterdã à Malásia foi atingido por um míssil. Morreram os 298 embarcados, tripulantes e passageiros. Os restos da aeronave caíram na Ucrânia, próximo à fronteira da Rússia.

A partir daí, porém, as dificuldades aumentam, dado que o local da queda é ocupado por grupos antagônicos, que não facilitam as investigações e parece até que ocultam ou destroem elementos importantes para a elucidação do penoso acontecimento. Confesso não ter resposta à indagação no sentido de afastar, com segurança, a insegurança hoje inegável.

O fotógrafo e jornalista Ricardo Chaves teve a feliz ideia de lembrar nomes antigos de ruas de Porto Alegre, o que me fez recordar de alguns, Rua do Arroio, da Ponte, do Poço, de Bragança..., bem como lembrar Manuel Bandeira, em sua Evocação do Recife: “Como eram lindos os nomes das ruas da minha infância”, Rua da União, Rua do Sol, Rua da Saudade, Cais da Aurora. Lembro alguns nomes de outras cidades, Rua do Relógio, do Leite, do Vinho, do Degrau Partido, e quantas mais.

Entre nós, há ruas que têm dois nomes, a Rua da Igreja também se chama Duque de Caxias, e a dos Andradas, Rua da Praia, e a Praça Marechal Deodoro continua sendo a Praça da Matriz. Já no coração do Rio antigo, continua incólume a da Quitanda, sem falar na histórica Rua do Ouvidor e em outras que lhe são vizinhas.

Falando em “as ruas de Mário Quintana”, observa Gustavo Corção que “a mansão do simples logradouro público, como o autor a transmite, fica logo imantada de afetos, de lembranças sem nome, de esperanças sem definição”. E exemplifica “Ruazinha que eu conheço apenas/ Da esquina onde ela principia/ Ruazinha perdida, perdida.../ Ruazinha onde Maria fia.../ ... E onde Maria, na janela, sonha”. E, de repente: “O céu estava na rua? A rua estava no céu?”. 


*JURISTA, MINISTRO APOSENTADO DO STF