Jaime
Cimenti
Um livro para os que amam
livros
O
Retrato (Novo Conceito, 414 páginas, tradução de Bárbara Menezes), romance do escritor
norte-americano Charlie Lovett, nascido na Carolina do Norte, em 1962, e que
trabalhou como livreiro-antiquário de 1984
a 1990 é, antes e acima de tudo, uma obra para aqueles
que amam livros e histórias sobre livros. Lançado pela grande editora Penguin,
nos Estados Unidos, em maio passado, o livro, considerado como um romance de
obsessão, foi recomendado pela poderosa livraria Barnes and Noble e pode ser
adaptado para a tela grande.
Charlie
é romancista, professor e dramaturgo, ama livros novos e antigos e suas peças
infantis já foram assistidas em mais de três mil montagens diferentes em todo o
mundo. Charlie gosta de visitar escolas para conversar com alunos e
professores, e seu site charlieovett.com mostra o muito que já viveu e fez. Assim
como Peter Byerly, o protagonista de O Retrato, Charlie viveu no interior da
Inglaterra. Peter Byerly perde precocemente sua esposa em 1995 e, cheio de
tristeza e mais introspectivo que nunca, decide deixar os Estados Unidos e se
instalar na Inglaterra, onde passa a se dedicar à restauração e ao comércio de
livros raros.
Num
de seus dias de pesquisas solitárias, Peter se depara com o retrato de uma
jovem muito parecida com sua amada esposa, guardado dentro de um livro. A
semelhança é impressionante, mas a aquarela foi pintada há muito tempo. Obcecado,
trilhando um caminho entre a era vitoriana e o final do século XX, Peter passa
a investigar a origem do misterioso retrato. As pistas acabam por levá-lo a se
envolver em um mistério histórico: uma obra perdida do imortal dramaturgo inglês
William Shakespeare. Mistura de suspense e paixão, a narrativa leva os leitores
a uma viagem pelo tempo, no rastro de histórias sobre livros.
Estranhos
fatos podem manchar para sempre a reputação de Shakespeare. Séculos antes, um
livreiro encantador, mas sem escrúpulos, Bartholomew Harbottle, arquitetou um
plano para transformar um romance obscuro, chamado Pandosto, em uma obra de
valor inestimável. Arte, literatura, mais história de amor e solidão estão na
narrativa caudalosa e envolvente. O autor mencionou livros e autores reais no
romance, mas inventou cenas, ações e diálogos para personagens históricos.
Escritores
elisabetanos, colecionadores de livros, bibliotecários, bibliógrafos e
estudiosos estão na história, junto com a falta de cuidado do colecionador John
Warburton e da ignorância de sua cozinheira Betsy Baker, que permitiram a
destruição de mais de 50 manuscritos de peças elisabetanas e jacobinas.