09 de julho de 2015 | N° 18221
LUCIANO ALABARSE
A FAVOR DAS SOBERANIAS
Quase sempre o que me leva a um livro é seu autor. Mas não
só. Gosto de ficar flanando pelas livrarias, folheando livros desconhecidos,
dos quais não tenho referências. Esses dias, um título, Toda Luz que Não
Podemos Ver, capturou minha atenção. A capa e a gramatura da edição brasileira
me encantaram.
O enredo sobre dois adolescentes, uma cega francesa e um
órfão alemão, ambientado na II Guerra Mundial, esfriou meu entusiasmo. Vencida
a ideia de que seria meloso, comprei o dito-cujo e me atraquei na leitura. Os
capítulos curtos, vim a saber depois, se devem às responsabilidades paternas de
Anthony Doerr, que o escreveu cuidando dos dois filhos pequenos. O romance
acaba de ganhar o prêmio Pulitzer de ficção e deve ser lido. Literatura de
primeira.
De primeira também é o show que Muni está preparando para
comemorar, em setembro, dentro do Porto Alegre Em Cena, as três primeiras
décadas de sua carreira. Junto com Adriana Calcanhotto, ela é a minha cantora
gaúcha preferida. Uma das maiores do Brasil. Se você nunca a ouviu, prepare seu
coração. De título quilométrico, retirado de uma canção de Macalé, Meu Amor me
Agarra & Geme & Treme & Chora & Mata, dirigido por Luciana
Éboli, o show da Muni promete. Para marcar na agenda.
A agenda de Caetano Veloso o levará a cantar em Israel no
final deste mês. Movimentos pró-palestinos e músicos mundialmente conhecidos,
como Roger Waters, pediram ao baiano que cancelasse o show. Li a carta em que
explica suas razões para não o fazer.
Sem confundir povo e governo, segundo ele, de nada adiantaria cancelar
um show em revide à “política de direita arrogante” de Netanyahu e que é
preciso separar as ações do governo do pensamento e das atitudes dos
israelenses. Enquanto isso, comprei o DVD de Inch’Allah, produção
franco-canadense que trata dessa situação de confronto, o mais belo filme a que
assisti nos últimos tempos. Não sou judeu. Não sou palestino. Sou um brasileiro
totalmente a favor de que Israel e Palestina sejam, ambos, Estados soberanos.