27 de julho de 2015 | N° 18239
MARCELO CARNEIRO DA CUNHA
Pirâmides, faraós e SEXO
Acredito que o nosso fascínio com o Antigo Egito começa pelo fato de ele ser antigo pra caramba. Qualquer coisa para cá de 1.000 a.C. para eles já tem sabor de história contemporânea. Pois o canal americano Spike acaba de mostrar a série em três episódios Tut, naturalmente centrada na figura do faraó-menino Tutankamon, que reinou por volta de 1.300 a.C, quando o Egito vivia tempos gloriosos.
Quando Hollywood se dispõe a fazer um drama sobre alguma cultura exótica, pimba, Ben Kingsley é automaticamente convocado, e lá está ele em Tut, com uma maquiagem certamente exótica e um olhar de quem não quer que você, ou ninguém mais, inclusive ele mesmo, saiba o que ele maquina por trás dos olhos cheios de rímel.
E eu acho que isso mais ou menos descreve Tut: uma série histórica sobre um período distante demais para que a gente realmente saiba muito sobre ele. Um grande historiador disse uma vez que “História é 50% suposição e 50% preconceito”, ou algo assim. Muito do que sabemos sobre essas culturas vem dos seus dominadores, que certamente os viam com olhos cheios de preconceito.
Os antigos egípcios costumam ser pintados como confusos, decadentes, corruptos e propensos a envenenar faraós, mesmo sendo eles filhos do sol, Rá, Amon-Rá, ou algo assim. Na prática, eles dominaram o Nilo e suas enchentes, produziram alimento para comer e exportar, construíram as estruturas mais impressionantes que o mundo já viu, dominaram todos os povos ao seu redor e ainda criaram uma escrita pra lá de visual e iconográfica, que só fomos entender no século 19.
Tut é uma série americana sobre o incompreensível e vale por tentar, ao menos, nos mostrar um pouco do que a vida no Egito deve ter mais ou menos sido, ou não. E é sobre um soberano e sua corte. O Egito é muito mais do que isso, mas também é isso.
Quando passar no Brasil, e a qualquer momento isso pode acontecer, vejam.