sexta-feira, 24 de julho de 2015


Jaime Cimienti

Ficções, cotidiano e nostalgias do Flávio Dutra
DIVULGAÇÃO/JC

A coletânea Crônicas da mesa ao lado partiu do blog ViaDutra


A coletânea Crônicas da mesa ao lado (Belvedere, 96 páginas, www.bartlebee.com.br, capa de Cezar Arruê), do consagrado jornalista e blogueiro Flávio Dutra, partiu do blog ViaDutra um descaminho (http://viadutras.blogspot.com.br) em 2009. Curtições, comentários, compartilhamentos e incentivos no Facebook e uma avaliação de mais de 500 textos por Diego Lock Farina originaram o livro, de quatro capítulos. O prefácio é de David Coimbra, que diz: "Gostaria de ter escrito algumas crônicas do livro e talvez faça plágio não autorizado de outras".

Flávio Dutra, porto-alegrense formado em Comunicação Social pela Ufrgs, especializado em Jornalismo Empresarial e Comunicação Digital, trabalhou nos principais jornais e emissoras de rádio e TV do Rio Grande do Sul, presidiu a Fundação Cultural Piratini (TVE e Rádio FM Cultura), atuou como secretário de Comunicação do governo do Estado, da prefeitura de Porto Alegre e frequenta redes sociais, especialmente o Facebook.

Crônicas da mesa ao lado apresenta crônicas e frases no final do volume, que revelam a habilidade, a síntese e a objetividade do jornalista experiente, mescladas com o humor, a vivacidade e o olhar dos cronistas de até pouco tempo atrás, aqueles que biografavam o cotidiano sem se preocupar demais com o próprio ego ou com emitir opiniões. Sim, a gente sabe que a crônica se tornou, para o bem e para o mal, um pequeno artigo de opinião ou de egolatria.

Na primeira parte do livro, que dá nome ao volume, o autor conta histórias e adverte que nem tudo é verdade. O gauchão que financiava a modista; coquetel de Viagra com Cialis; fetiches; o homem que amava panturrilhas e o que amava joanetes e a estranha senha a ser usada no motel são alguns dos temas com tom gostoso de conversa de bar.

O segundo capítulo, Crônicas do cotidiano, retrata a vida real, por vezes com base em conversas alheias. Fala de gafes, da estranha exigência de um famoso cantor, do homônimo do Flávio Dutra, da história do Mário Cinco Paus e de gauchismo, entre outros assuntos.

Crônicas da nostalgia é a terceira parte. Dutra fala dos filmes, dos beijos e dos amassos no cine Ritz; da turma de Petrópolis que sequestrou o bonde Petrópolis (Flávio nega que participou); do romance e pedido de casamento do coronel Dastro em meio à fuga e perseguição do bandido Melara; das aventuras de Toniolo com PMs e, ao final, apresenta uma mensagem na qual diz sentir nostalgia do futuro, do que não fará, e desde já, bota a culpa no tempo pelas coisas que não conseguirá realizar.

Ouvido na mesa ao lado, parte final, fecha com graça e leveza, com frases espirituosas, como "Quem fica se achando é porque não se procurou direito" e "tem instituto de pesquisa que deveria cair para a segunda divisão".

É isso. Flávio Dutra falou e disse. E muito bem. Com muita ginga, inteligência e graça. Ótimo para todos.