29 de julho de 2015 | N° 18241
FÁBIO PRIKLADNICKI
O PROBLEMA DE MALMÖ
A cidade de Malmö, na Suécia, é bem conhecida dos amantes de seriados. Fica na divisa com a capital dinamarquesa, separada por uma ponte, de onde vem o título da série Bron/Broen, exibida no Brasil como The Bridge (não confundir com o remake da série ambientado entre Estados Unidos e México).
Fora da ficção, Malmö tem ganhado manchetes, nos últimos anos, pelo crescente antissemitismo. Por meio de uma ostensiva hostilidade, a cidade está expulsando, aos poucos, os integrantes da população judaica local. Foi o caso de Shirley Tsubarah, uma jovem de 25 anos que emigrou para Israel e foi tema de uma reportagem do jornal sueco Sydsvenskan. Ela afirma que as autoridades de Malmö ignoram conscientemente a questão do antissemitismo.
Conta que foram realizadas 134 denúncias à polícia sobre atos de violência contra judeus, no ano passado, sem que tenham resultado em investigações. Entre outras situações de abuso, sua família já teve o carro pichado com insultos sobre sua religião. Shirley relata que 80% dos estudantes da escola de Ensino Médio que frequentava eram muçulmanos. Ela sofria constantes ameaças, e seu irmão apanhou porque era judeu. O caso foi levado à polícia, mas nada aconteceu.
Como parte de um experimento para um documentário no início do ano, um repórter decidiu perambular por Malmö com uma câmera escondida, usando um solidéu e uma estrela de Davi, símbolos tradicionais judaicos. Registrou inúmeras ofensas dirigidas pelos passantes.
Para agravar a situação, o prefeito de Malmö até 2013, Ilmar Reepalu, ficou conhecido por negar o problema, preferindo culpar a comunidade judaica. Declarou, em uma entrevista, que um partido anti-imigração com raízes no movimento neonazista havia se infiltrado entre os judeus de Malmö para colocá-los contra os muçulmanos – uma declaração delirante que causou perplexidade nos ouvintes. Os suecos têm um desafio e tanto pela frente.