Jaime Cimenti
Dois irmãos e uma tragédia
Eu te darei o sol (Editora Novo Conceito, 384 páginas, R$ 34,90),
da escritora, agente literária, poetisa e acadêmica eterna Jandy Nelson,
formada pelas universidades de Brown, Cornell e Vermont, foi um dos livros mais
premiados de 2014 e deste ano nos Estados Unidos. Entre as 10 láureas, constam
o Prêmio Micheal L. Printz 2015 e a indicação para a lista dos notáveis do The
New York Times de 2014. A
autora, atualmente, vive em São Francisco, gosta de correr livremente pelo
parque, de cuidar de árvores e é também autora do best-seller O céu está em
todo lugar.
Eu te darei o sol é, em síntese, a singular, improvável e
ardente história de dois irmãos inseparáveis cujas vidas são dilaceradas por
uma tragédia. Jude e seu irmão gêmeo, Noah, são inseparáveis, até uma tragédia
mudar isso. Depois do acontecimento, eles mal se falam e estão apaixonados por
pessoas que não poderiam amar. O amor mostra-se bem complicado, e Noah e Jude são
gêmeos absolutamente diferentes que se completam e enfrentam o mundo juntos.
O romance vai muito além de ser apenas uma ótima obra de ficção
Young adult, pela força da narrativa, das palavras e pela própria premiação que
recebeu. A narrativa de tirar o fôlego inicia com uma luta entre Noah e dois
sociopatas que reinam na vizinhança.
Aos 13 anos, o solitário Noah é um gênio da arte que desenha
sem parar. Em silêncio, está se apaixonando pelo vizinho carismático. Enquanto
isso, a espevitada Jude segue em busca de adrenalina e de batons chamativos. Ela
fala por si e pelo irmão. Noah e Jude competem pela afeição dos pais, pela atenção
do garoto que acabou de se mudar para o bairro e por uma vaga na melhor escola
de arte da Califórnia. Mal-entendidos, ciúmes e uma perda trágica os separam
definitivamente. Trilhando caminhos distintos e vivendo no mesmo espaço, ambos
lutam contra dilemas que não têm coragem de revelar a ninguém.
Os primeiros anos da história são contados por Noah, os últimos
ficam por conta de Jude. O que os gêmeos não percebem é que cada um deles sabe
apenas a metade do que aconteceu. Se eles pudessem voltar um para o outro,
teriam a chance de refazer o seu mundo.
A narrativa mostra que as pessoas mais próximas de nós são
as que mais têm o poder de nos machucar. A história vai revelando os caminhos
distintos que os gêmeos trilham, mesmo vivendo no mesmo espaço, e mostra os
dolorosos dilemas que as pessoas não têm coragem de revelar a ninguém.
A narrativa abre espaço também para a capacidade da arte de
curar, mas ensina a aprofundar o significado da arte, a encontrar nossos próprios
reflexos dentro dela.