terça-feira, 5 de dezembro de 2017


05 DE DEZEMBRO DE 2017
LUÍS AUGUSTO FISCHER

DO QUE RIEM OS INTELIGENTES?


Há uns quantos livros que tenho vontade de ler de novo. Ou porque quero estudar mais o que disse o autor, ou porque percebo não haver entendido direito tudo, ou porque constato que tenho muito ainda a tirar de proveito de suas linhas e entrelinhas. Ou, talvez, porque quero reviver o grande gosto que tive na primeira visita. Ou, quem sabe, por tudo isso junto.

Assim é com Do que Riem as Pessoas Inteligentes? - Uma Pequena Filosofia do Humor, de Manfred Geier (tradução de André Delmonte e Kristina Michahelles, editora Record, 2011). Esses dias, preparando o estoque de livros para levar numa viagem a trabalho - sou daqueles que lê com grande prazer em ônibus e avião, e lê livros de papel, coisa cada vez mais rara, pelo que posso perceber nesses ambientes - , me peguei pensando: bá, vou levar aquele Geier porque ainda não terminei de lê-lo.

Dei de mão no volume e, surpresa: não apenas já li o livro todo como o sublinhei e anotei fartamente (o que inclui palpites a desenvolver em outro momento, aproximações com outros escritores, outros livros, hipóteses de textos a escrever). Não deve interessar a ninguém, mas minhas notas são de dois tipos: uma no corpo do texto mesmo, com sublinhas e algumas palavras nas margens, e outra nas páginas em branco do começo do volume, mais desenvolvidas.

Agora me pego de novo preparando uma viagem e mais uma vez resolvo levar este Geier comigo, porque ainda quero aprender muito com ele. Com sua descrição da posição de Platão, aquele mala, pai da filosofia e/mas inimigo do riso, logo um ponto sólido de partida para o livro, que depois passeia por figuras saborosas, como os gregos Demócrito, chamado de "o filósofo que ri", e Diógenes Laércio, tido como cínico, aquele que defecava em público e vivia a céu aberto.

Isso e mais Kant, sim, ele mesmo, tido como turrão e metódico, mas amigo do riso, e Freud, para quem o riso era algo de vital, passando de leve por Montaigne. Uma beleza de viagem, que me foi sugerida anos atrás pelo Giba Assis Brasil e que eu ainda não terminei de aproveitar.

LUÍS AUGUSTO FISCHER