quarta-feira, 2 de novembro de 2022


02 DE NOVEMBRO DE 2022
MÁRIO CORSO

Superstição do 13

A superstição é o último bastião do sagrado, quando a fé não se garante, mas o pensamento mágico insiste. O 13 se destaca como mau augúrio, tanto que muitos países não registram o 13º andar. Por que este desconforto com o 13? A resposta passa por lembrar o antigo sistema numérico mesopotâmico.

Ao contrário de nós, que adotamos o sistema decimal, os babilônios usavam o duodecimal. Temos eco dele até hoje, na dúzia e na grosa - o conjunto de 12 unidades de 12 números.

A nossa escolha é antropocêntrica. Afinal, temos 10 dedos e os usamos para contar. É comum tirarmos números do corpo, lembrem das polegadas, pés e braças.

Os babilônicos também contavam com as mãos. Colocavam o polegar sobre uma falange do mindinho para o um, na seguinte para o dois, na última para o três. Então repetiam nos próximos dedos até chegar à última falange do indicador. Quatro dedos vezes três falanges temos 12 unidades. E aqui o pulo do gato, quando chegavam ao 12, marcavam esta dúzia na outra mão, usando o mesmo sistema. Então, recomeçavam a contar nas falanges da primeira mão. Ou seja, a primeira mão marcava as unidades, a segunda, as docenas (ou dúzias). Conseguiam registrar nos dedos 12 vezes 12 que é igual a 144. Convenhamos, um jeito de contar nos dedos mais inteligente.

Nos relógios e ângulos, nós usamos uma gambiarra do sistema duodecimal com números decimais. Não fosse assim, mesmo em cálculos simples, encontraríamos dízimas periódicas (exemplo, 10 dividido por três é igual a 3,333?). O 10 só se divide inteiro por dois e cinco. O 12 divide-se por dois, três, quatro e seis, por isso ele é mais prático no cotidiano.

Abandonado, embora superior, o sistema duodecimal segue no subterrâneo do nosso imaginário, lembrem-se dos 12 meses, dos 12 signos do zodíaco, dos 12 apóstolos, do dia dividido em duas partes de 12 horas. Portanto, o azar do número 13 se dá porque quando ele chega estragaria a harmonia e a mística do 12, o número perfeito para os babilônicos.

Um comentário à parte, o que é estabelecido - no caso o sistema decimal - não necessariamente é o melhor. O sistema que usamos, que nos parece natural, foi uma escolha equivocada dos nossos antepassados.

No domingo passado, elegemos o 13, isso nos trará azar? Depende, para os babilônios - por iniciar um novo ciclo -, ele também significava recomeço, renascimento. Para o bem do Brasil, que assim seja!

MÁRIO CORSO

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