Mauricio
Stycer
O futuro ainda não chegou
'SuperStar'
comete erros, desperdiça a promessa de interação e perde no Ibope para Silvio
Santos
Lançado
na segunda quinzena de setembro de 2013 no Canal 2, em Israel, o show de
talentos "Rising Star" logo foi visto, por executivos dos principais
centros do planeta, como o futuro da televisão.
Ainda
com o programa no ar, a empresa criadora do formato, chamada Keshet, deu início
à comercialização. Emissoras de países como Inglaterra, Espanha, França e
Itália adquiriram os direitos. Em novembro, a gigante americana ABC fez o
mesmo, sinalizando para o resto do mundo que se tratava, de fato, de aposta
quente.
A
Globo se juntou ao grupo, que já soma mais de 20 emissoras, no início de
dezembro de 2013. Mas acabou sendo a primeira TV, depois da israelense, a
estrear o programa, em abril de 2014.
Nascidos
no rádio, shows de talentos existem desde sempre na televisão. A revolução
prometida pelo programa "Rising Star", aqui rebatizado como
"SuperStar", é o método de votação.
De posse
de um "smartphone" ou um "tablet", os espectadores podem
baixar um aplicativo que os torna parte do júri do programa. Ao vivo, em tempo
real, quem está em casa pode votar, influenciando o resultado da apresentação
de cada grupo musical.
A
atração que atinge 70% de votos positivos é aprovada. Ao longo dos poucos
minutos que dura a apresentação, o espectador vê um termômetro na tela se
movendo em função dos votos dados. Quando alcança este patamar, um painel
moderno se levanta, revelando finalmente os artistas.
Esta
possibilidade de interação oferecida por "Rising Star" é, até agora,
a materialização mais bem acabada do sonho que vem sendo enunciado já há alguns
anos por analistas e futurólogos que pensam a televisão no mundo digital.
Exibidos
os primeiros três episódios de "SuperStar" no Brasil, porém, tudo
indica que o futuro ainda não chegou por aqui. A Globo errou a mão no
lançamento do programa.
A
pressa em estrear foi o primeiro pecado cometido pela emissora.
"SuperStar" foi ao ar no dia 5 de abril, destinado a ocupar o vazio
na grade deixado pelo "Big Brother Brasil 14". Sem testes
suficientes, a grande atração do programa, o aplicativo, falhou na mão de
milhares de espectadores, provocando queixas e revolta nas redes sociais.
O
segundo erro foi a escolha do trio de jurados famosos. Para um programa que
busca se comunicar com os jovens, Fábio Jr., Ivete Sangalo e Dinho Ouro Preto
estão longe de representar a melhor opção.
Pior,
na interação com a apresentadora, Fernanda Lima, o trio de jurados acabou
levando o programa involuntariamente para o caminho da comédia. "Votei
'sim'", espantou-se Fábio Jr. ao saber que o seu painel registrava um
"não". "Tenho personalidade zero", reconheceu Ivete
Sangalo, justificando por que aprova a grande maioria das atrações musicais.
O
terceiro erro, o mais triste, foi acreditar que o público diante da televisão
no domingo à noite estaria interessado em uma atração high-tech como
"SuperStar". Como já vinha ocorrendo com o "BBB", o novo
show de talentos da Globo tem perdido no Ibope para o "Programa Silvio
Santos". Esta, sim, é a mensagem que faz pensar.