24
de abril de 2014 | N° 17773
PAULO
SANT’ANA
Os três passos
É
espetacular o e-mail que recebi de um leitor sobre os seis dias seguidos de
feriados da Semana Santa na Justiça do Trabalho. Trata-se do leitor que assina
Hugo Prevedello (hprevedello@gmail.com). Vejam o que ele diz: “A Justiça
proibiu o crucifixo nas dependências do Judiciário e se beneficia do feriado
cristão para não trabalhar”.
É
ainda mais apropriado o que diz o leitor quando se nota que a crucificação é
constante basilar do feriado de Páscoa.
Bem,
a opinião pública já está convencida de que os três presos no caso de Três
Passos têm culpa formada no assassinato do menino Bernardo.
A
madrasta do menino, a amiga da madrasta e o pai do menino estão afundados até o
pescoço perante o juiz e os jurados que decidirão se são culpados e quais as
penas que sofrerão pelo clamoroso homicídio.
Sabem
os leitores que quem decide sobre inocência e culpa são os jurados e quem
decide a quantidade e valor da eventual pena é o juiz.
O
Jornal Nacional já se ocupou três vezes do crime de Três Passos e a revista
Veja deu capa inteira sobre o momentoso caso nesta semana.
Não
é para menos, uma madrasta, um pai e uma amiga da madrasta matarem um menino de
11 anos por causa ainda não suficientemente esclarecida, podendo ser só
desprezo pela vítima ou interesse financeiro, só poderia adquirir mesmo essa repercussão
nacional.
Eu
já tinha opinado antes das conclusões parciais da polícia que o pai, o
médico-cirurgião, era culpado no homicídio.
E
agora calculo o grau de culpa de cada um dos três presos acusados pelo horrendo
crime.
Sem
dúvida, a culpa maior, aparentemente, é a da madrasta. E a amiga da madrasta,
que a ajudou a ocultar o cadáver, tem uma culpa em grau diminuído.
Mas
e o pai? Aí é que está a coisa: se ele incentivou a madrasta a matar o garoto,
tem culpa em grau igual à da madrasta.
Se
não incentivou, mas apenas assistiu ao desenrolar dos preparativos para o
homicídio e ocultou de todos o que sabia, tem culpa em grau menor do que o da
madrasta mas também é culpa grave.
O
crime de Três Passos é horripilante. Mais ainda porque foi cometido contra uma
criança inofensiva, a quem chegaram os autores a prometer que iriam a Frederico
Westphalen para comprar um televisor de presente para ele e que deveria por
isso acompanhá-los. E não foram, foram lá para enterrá-lo, ao que calculo,
vivo.
Terrível.
Como é que podem ser tão maus os humanos?
A
madrasta de Bernardo e sua amiga enterraram o corpo do menino.
E o
pai ocultou o enterro do filho com luvas de pelica.
São
tão frios e hipócritas esses assassinos, que devem estar vestindo luto pela
morte do menino na prisão.