27
de abril de 2014 | N° 17776
PAULO
SANT’ANA
Transações
tenebrosas
Não
entendi direito essa venda da refinaria de Pasadena (EUA) para a Petrobras, mas
o que entendi bem é que sofremos com o negócio um prejuízo de mais de US$ 1
bilhão por esse desatino.
Isso
tem cheiro de trambique. O prejuízo do Brasil com esse negócio feito às pressas
daria para aliviar a dramática e assassina fila do SUS para cirurgias.
A
refinaria estava instalada nos EUA e era propriedade belga. Se era uma barbada
assim como a pressa da Petrobras indicava, por que os próprios EUA não a
adquiriram?
Certamente
os EUA não a adquiriram pelo preço de ocasião, uma bagatela, porque nem o preço
de ocasião era tentador. E como é que o Brasil, pela Petrobras, foi entrar
nessa fria e adquirir uma sucata?
É
muito dinheiro posto fora em transações tenebrosas, como poetou o Chico
Buarque.
O
ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli foi até o Congresso para depor
sobre a tenebrosa transação e disse que, se ele foi responsável pelo prejuízo
arcado pela Petrobras, então a presidente Dilma Rousseff, que assinou o negócio
como presidente do Conselho de Administração da Petrobras, também teve
responsabilidade.
Ou
seja, Gabrielli escora-se no prestígio da presidente para ficar impune. Sabe
que ninguém terá a audácia de puni-la, então ele fica na carona de impunidade
dela.
É
muita coisa e é uma comédia.
E
não é a hora, portanto, de rever todos os negócios da Petrobras nos últimos
anos, inclusive os realizados em torno do petróleo argentino?
Até
agora, nessas últimas décadas, a Petrobras não tinha sido alvo de sequer uma
investigação por seus negócios e administração.
E,
com Pasadena, a Petrobras perde assim a sua virgindade. Viu-se agora que tem
gato na tuba da famosa estatal, tanto que está preso um ex-dirigente dela.
Então, os dirigentes da Petrobras não são as vestais imunes que se acreditava
que fossem.
Caiu
a máscara da Petrobras ou esse foi apenas um episódio isolado?
O
petróleo é nosso, mas nada existe mais nosso do que a corrupção.