Eliane Cantanhêde
Salve-se quem puder
BRASÍLIA - O clima no Planalto e no PT
deve ser de "salve-se quem puder" diante da avalanche de más
notícias. Dilma culpa o partido, o PT culpa a presidente e ambos têm um bode
expiatório: a imprensa.
Dilma cai nas pesquisas e parece cada vez
mais só, mas mantém a imagem de mulher honesta e distante de maracutaias. Logo,
empurra para o PT a responsabilidade pelas vicissitudes e a torrente de
denúncias.
Elas embolam o ex-vice-presidente da
Câmara André Vargas, o ex-ministro e atual candidato Alexandre Padilha,
ex-diretores da Petrobras e um doleiro onipresente em negociatas, já preso e
indiciado.
O PT, enrolado até o pescoço, fugindo como
pode de uma CPI da
Petrobras e apavorado com a queda da
aprovação de Dilma em todas as faixas de renda e de escolaridade, tenta jogar a
culpa numa presidente que não acerta uma.
Não tem marca, deixa a desejar na gestão e
é um desastre na economia: crescimento só superior ao da Argentina e da
Venezuela na América do Sul, previsão de inflação acima da meta, juros mais
altos do que antes da posse, aumento de impostos para cobrir erros no setor
elétrico. E a balança comercial...
Afinal, o que vai bem? E, se o governo
falha e o partido está envolto em denúncias, de quem é a culpa?
Dilma não pode fugir da responsabilidade,
como disse o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli sobre a compra da
refinaria de Pasadena, que gerou prejuízo de mais de meio bilhão de dólares.
Isso vale para tudo e para os dois lados.
Se Dilma tem responsabilidade sobre Pasadena, também tem sobre os resultados
lamentáveis da Petrobras e os erros do seu partido no governo. Como o PT tem
sobre os escândalos e sobre os erros de um governo que, afinal, é seu.
Por mais que Dilma
e o PT tentem se desassociar dos fracassos um do outro, há um elo indissolúvel
entre eles: Lula. Estão no mesmo barco e ninguém pode só lavar as mãos.