Trump ameaça Irã e mercado perde a bússola
É sob horizonte fechado que o Comitê de Política Monetária (Copom) encerra hoje a reunião para definir o juro básico do país. No famoso "balanço de riscos" que mapeia as decisões do Banco Central (BC), há nada menos do que uma guerra na qual a maior potência militar do planeta já está engajada, ao menos verbalmente.
Na véspera, analistas de guerra e de negócios apostavam em cessar-fogo, o que desarmou cotações do petróleo e do dólar. Mas ontem o petróleo voltou disparar 4,2%, para US$ 76,29. O dólar variou 0,2% para cima, insuficiente para voltar ao nível de R$ 5,50. Ficou em R$ 5,498.
A aposta dominante é de que o Copom faça uma parada para avaliação, mas não haverá grande surpresa se anunciar nova alta de 0,25 ponto percentual, tamanha a incerteza do cenário. E mesmo se decidir pelo "viés de parada", não significará, necessariamente, que o ciclo de alta terá terminado. Ninguém, em sã consciência, é capaz de ver o que ocorrerá amanhã, quanto mais no "horizonte relevante" que o Copom mira com suas decisões.
Presidente dos EUA usa "nós" para pressionar
O que tornou tudo mais difícil são declarações do presidente dos Estados Unidos explicitando que seu país é um ator no conflito entre Israel e Irã. Não que houvesse dúvida sobre quem os EUA apoiavam, mas havia tentativa de evitar que a maior potência militar do planeta tivesse envolvimento direto em uma nova guerra.
Donald Trump fez ultimatos ao governo iraniano, inclusive exigindo "rendição incondicional" e normalizou o assassinato político ao afirmar:
- Sabemos exatamente onde o chamado "Líder Supremo" está escondido. Ele é um alvo fácil, mas está seguro lá. Não vamos tirá-lo de lá (matar!), pelo menos não por enquanto.
"Vamos" significa que participa da decisão. As forças armadas americanas enviaram mais caças e porta-aviões para o Oriente Médio. O quanto Trump deve ser levado a sério é um absoluto mistério. Na mesma publicação, usa o verbo "matar" (kill) com direito a ponto de exclamação e encerra com "obrigado por sua atenção a esse assunto". Não há bússola que oriente. _
A derrota sofrida pelo governo Lula com a aprovação de votação sob regime de urgência de decreto legislativo para derrubar o aumento de IOF não fez preço porque há previsão de duas semanas de "graça". Afinal, vem aí São João...
01
Só três blocos no litoral do Estado interessam
Dos 34 blocos disponíveis na Bacia de Pelotas, só três foram arrematados no leilão do 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão, realizado ontem pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), todos no litoral gaúcho.
O único consórcio com interesse na região foi formado por Petrobras (70%) e Petrogal Brasil (30%), que pagou R$ 11,46 milhões em bônus, com investimento mínimo previsto de R$ 84,96 milhões. A empresa de Portugal ainda não tinha participação nas pesquisas na costa gaúcha.
O resultado representa redução de interesse em relação a dezembro de 2023, quando foram arrematados 44 blocos na Bacia de Pelotas.
Como se previa, desta vez a estrela do leilão foi a Foz do Amazonas, que teve 19 blocos arrematados entre 47 oferecidos. Essas áreas estão na polêmica Margem Equatorial, onde a exploração é criticada por ambientalistas, por risco de acidentes perto da região amazônica.
Na Foz do Amazonas, foram arrecadados R$ 844,3 milhões em bônus, com investimento mínimo previsto de R$ 1 bilhão. A americana Chevron vai operar nove blocos na região, todos em consórcio com a CNPC Brasil, de origem chinesa. A Petrobras terá cinco áreas em parceria com a ExxonMobil Brasil, com origem nos EUA. As demais terão a ExxonMobil Brasil como operadora principal, com a Petrobras em menor participação. _
02
RS marca passo enquanto PR cresce 5,9% e SC avança 5,6%
A análise das economias regionais iniciada neste ano pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) aponta a força de um cultivo ancestral. Diante da estiagem do verão passado, foi a uva que "salvou a lavoura" no primeiro trimestre no RS.
Segundo Juliana Trece, economista do Núcleo de Contas Nacionais do FGV Ibre, a economia gaúcha marcou passo no primeiro trimestre deste ano na comparação com igual período de 2024 - nas suas contas, a variação foi zero. O que evitou resultado negativo foi a agropecuária, que subiu 2,7%, enquanto a indústria avançou 0,9% e serviços recuaram 1,1%.
Outra vez, no entanto, Santa Catarina (5,6%) e Paraná (5,9%) tiveram crescimentos expressivos no primeiro trimestre. Conforme o levantamento, a soja respondeu por quase metade do crescimento do valor adicionado da agropecuária paranaense (17,6%). Em SC, foi o fumo que inflou a alta de 12,3%. O estudo da FGV Ibre havia antecipado, no início deste ano, o "pibão" oficial gaúcho em ano de enchente.
Conforme o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do IBGE, um dos indicadores verificados para avaliar a economia gaúcha, o aumento na produção de uva neste ano deve alcançar 39,6%. O dado representa uma expectativa, mas como a safra deste ano já foi colhida, é uma perspectiva confirmada.
É preciso lembrar, porém, que o efeito líquido (literalmente) dos vinhedos é menor do que o da soja no PIB gaúcho. Arroz e fumo também ajudaram a manter positivo o resultado da produção agrícola do Estado.
- O RS teve o resultado mais magro dos três Estados do Sul. O Paraná foi mais beneficiado pela produção de soja, e SC se destacou pelo fumo. No RS, a principal lavoura, que é a de soja, teve contribuição negativa - afirma Trece. _
Não queremos mísseis disparados contra civis ou soldados americanos. Nossa paciência está se esgotando.
Donald Trump - Presidente dos Estados Unidos
R$ 1 bi
foi a cifra quase atingida pelo leilão de petróleo da ANP. Em momento difícil para encontrar financiamento para o rombo do orçamento deste ano, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, apressou-se a dizer que vai "ajudar". Embora esse valor de fato não estava previsto na arrecadação deste ano, é insuficiente. Para substituir o aumento de IOF e/ou a medida provisória "alternativa", faltam apenas R$ 19 bilhões.