
Divergências na saúde, quem mais sofre é a população
A um dia do início do inverno, a crise na saúde no Rio Grande do Sul, que se arrasta desde fevereiro, aparece agora, de forma mais explícita, no setor pediátrico. Conforme o secretário de Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, todos os 478 leitos pediátricos da Capital estão ocupados e o sistema está "esgotado". Das 28 crianças com complicações respiratórias ontem, esperando leito, sete eram de Porto Alegre. A prefeitura diz que não tem como suportar, sozinha, a demanda proveniente do Interior. A situação faz com que os hospitais de Clínicas, Conceição e Materno Infantil Presidente Vargas restrinjam os atendimentos.
A polêmica não é nova. Os desentendimentos entre o governo do Estado e a prefeitura sobre de quem é a responsabilidade para lidar com a crise começou no início do ano. Entre fevereiro e março, os hospitais de Porto Alegre começaram a ficar superlotados, com forte demanda do Interior. Ritter falou em "caos", e o prefeito Sebastião Melo chegou a ameaçar restringir os atendimentos apenas aos moradores da cidade.
Uma série de reuniões entre Ritter e a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, teve início, escalando para um encontro entre Melo e o governador Eduardo Leite. O prefeito reuniu apoio entre os colegas dos Executivos municipais da Região Metropolitana. Foi à tribuna da Câmara.
Leite ofereceu que o Estado assumisse a gestão do sistema de média e de alta complexidades do município. Parecia a solução. Melo, prontamente, aceitou.
Na transição, as coisas desandaram: a prefeitura queria que o Estado assumisse a totalidade dos serviços (o que incluiria CAPs, UPAS, entre outros); o Piratini esperava obter apenas a gestão dos hospitais.
No dia 30 de abril, na segunda reunião para tratar da transição, o Estado disse que a prefeitura não aceitara a proposta. A prefeitura, nos bastidores, considerou a proposta "um blefe".
No último dia 9, sob pressão dos municípios, o Estado anunciou investimento extra de R$ 112,6 milhões - sendo R$ 40 milhões para abertura de 400 novos leitos clínicos.
Diálogo entre Estado e prefeitura
Agora, a crise já vivenciada pelos adultos chega aos pequenos. Na manhã de ontem, depois de dizer que o sistema pediátrico estava esgotado, Ritter telefonou para Arita para pedir ajuda. Conforme interlocutores, a conversa foi dura, em clima ruim.
À coluna, a secretária, no entanto, disse que o diálogo foi "cordial". Explicou que Ritter pleiteou somar os recursos de leitos federais com os do programa Inverno Gaúcho com Saúde, do Tesouro do Estado, alegando que o preço da diária dos hospitais em Porto Alegre está acima dos dois valores.
Ela acrescentou, no entanto, que a portaria para abertura de 400 novos leitos estabelece R$ 700 para diária de leitos de suporte respiratório e R$ 2,3 mil para UTI.
- Estamos conseguindo abrir novos leitos com esses valores. E estamos aguardando a oferta de Porto Alegre para abrir novos leitos - disse Arita, que estava em Santo Antônio da Patrulha para anunciar a abertura de 30 novos leitos para Síndrome Respiratória Aguda Grave.
Na Capital, o entendimento da Secretaria Municipal é de que as iniciativas beneficiam hospitais do Interior e não na Região Metropolitana, onde há forte procura.
Em meio às divergências políticas, está o cidadão comum, que precisa de um hospital público. _
Marcha por Cristina Kirchner
Milhares de argentinos foram às ruas de Buenos Aires ontem para uma marcha em apoio à ex-presidente Cristina Kirchner, condenada pela Suprema Corte a seis anos de prisão por corrupção.
Os apoiadores kirchneristas, membros de sindicatos e de partidos de esquerda, tomaram as ruas da cidade portenha em solidariedade à política. O foco principal foi no entorno da histórica Praça de Maio, principal centro político da Argentina.
Em uma mensagem gravada no local onde está presa, ela afirmou à multidão: "Eles podem me prender, mas não a todo o povo argentino". Em outro momento, declarou: "Voltaremos".
O deputado federal Paulo Pimenta, ex-ministro da Reconstrução do RS, e a deputada estadual Laura Sito estiveram presentes no ato. _
Lula provoca risos no G7
Lula participou na terça-feira da reunião do G7, os sete países mais industrializados do mundo. O brasileiro esteve lá como convidado. O presidente protagonizou dois momentos que provocaram risos entre os líderes.
Primeiro, no discurso de abertura do primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, houve problema técnico no aparelho de tradução simultânea do presidente.
Quando Carney iniciou a fala, Lula começou a manusear o equipamento e reclamou a seus assessores pela ausência de áudio. O premier canadense interrompeu a fala para solucionar o problema.
- Tem que falar aí, a intérprete, não tá saindo [...] Manda falar qualquer coisa para ver se o som sai aqui. Está muito baixo! Não está saindo aqui. Muito baixo - afirmou Lula.
A situação se estendeu por dois minutos até que o problema foi resolvido. Carney pediu desculpas a Lula. Outro momento que gerou risadas foi na hora da foto oficial dos participantes. Ao posarem para os fotógrafos, o português António Costa disse algo a Lula. O brasileiro, então, voltou-se para responder. Foi quando os demais líderes chamaram a atenção de Lula para olhar para frente para a foto oficial. O "pito" veio do presidente da França, Emmanuel Macron, e de Carney. Os outros presentes riram. _
Por que a guerra não vai acabar
Pode até haver cessar-fogo em alguns dias entre Israel e Irã, mas não paz duradoura. Os dois lados têm antagonismos viscerais, que impossibilitam observarmos qualquer luz no fim do túnel.
O Irã defende a eliminação de Israel. Logo, aiatolás armados com bomba atômica serão ameaça não só à segurança regional, mas à existência do Estado israelense.
Ao mesmo tempo, veem no arsenal nuclear a única forma de dissuasão, a fim de evitar o que está ocorrendo: o passeio de caças israelenses nos céus iranianos.
Pelo olhar de Israel, o Irã é uma ameaça existencial. Assim, a guerra só acabaria com a total eliminação do programa nuclear iraniano, o que só vai ocorrer se os EUA se envolverem no conflito, "emprestando" a superbomba anti-bunker, capaz de penetrar nas profundezas de Fordow, onde estão laboratórios.
Outra opção: mudança de regime - algo que, certamente, está sobre as mesas de Benjamin Netanyahu e Donald Trump. Mas essa estratégia remete às aventuras americanas no Afeganistão e no Iraque.
No primeiro caso, 20 anos após o primeiro míssil cair sobre Cabul, talibãs voltaram ao poder, e os EUA foram postos para correr. No segundo, houve guerra civil interna, um atoleiro americano, o nascimento do grupo terrorista Estado Islâmico e entre 480 mil e 507 mil mortos. _
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