terça-feira, 17 de junho de 2025


17 de Junho de 2025
OPINIÃO RBS

No ensino, metas descumpridas

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou na sexta-feira que a taxa de analfabetismo segue em queda no país. No ano passado, o percentual de brasileiros que não conseguem ler e escrever um bilhete simples ficou em 5,3%, ante 5,4% em 2023. É o menor patamar desde o início da pesquisa, em 2016, quando a taxa era de 6,7%. O avanço na alfabetização, porém, não esconde o desempenho insatisfatório do ensino.

O ritmo de aquisição de uma das habilidades mais básicas da cidadania, afinal, não foi capaz de levar ao atingimento da meta 9 do Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024, de erradicar o analfabetismo no país no ano passado. O percentual de 5,3%, em números absolutos, significa 9,1 milhões de pessoas com 15 anos ou mais. O Rio Grande do Sul, por sua vez, teve em 2024 a quinta menor taxa do país, com 2,4% de analfabetismo contra 3% em 2016.

Não ser minimamente letrado traz impactos negativos a uma série de circunstâncias e tarefas simples do cotidiano, como embarcar em um ônibus urbano. Gera dependência de terceiros e limita a possibilidade de acesso a ocupações e postos de trabalho com renda digna.

É verdade que o analfabetismo se concentra na população mais idosa. Na faixa etária de 60 anos ou mais, a taxa chega a 14,9%. É uma distância de quase 10 pontos percentuais para os mais jovens. Demonstra a relevância de políticas para dar instrução aos brasileiros mais maduros. As gerações mais recentes, por outro lado, têm maior acesso a escolas do que seus avós.

A possibilidade de estar na sala de aula, entretanto, ainda está distante de ser garantia de um ensino de boa qualidade. Uma prova dessa deficiência aparece nos dados do analfabetismo funcional. Estão nessa condição aquelas pessoas que identificam palavras isoladas ou frases curtas, mas são incapazes de compreender sentenças um pouco mais longas e complexas e, da mesma forma, têm dificuldades com os números.

O país não consegue avançar nesse quesito. Um estudo divulgado em maio apontou que 29% dos brasileiros de 15 a 64 anos foram classificados como analfabetos funcionais no ano passado. Choca que três em cada 10 brasileiros se mantenham nessa condição. A tragédia é que é o mesmo percentual da edição anterior do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), de 2018. O estudo é conduzido pela Ação Educativa e pela consultoria Conhecimento Social. Tem ainda a participação da Fundação Itaú, em parceria com a Fundação Roberto Marinho, Instituto Unibanco, Unesco e Unicef. A mesma meta 9 do PNE indicava o objetivo de reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional no país.

Os dados do IBGE divulgados na sexta-feira confirmam os problemas crônicos da desigualdade no país. O analfabetismo é maior no Norte e no Nordeste e entre pretos e pardos. Um dos poucos avanços razoáveis é no Ensino Superior. A parcela de brasileiros com graduação sobe ano a ano. Passou de 15,4% em 2016 para 20,5% no ano passado, mas também persistem as dúvidas sobre a qualidade da formação recebida.

Os dados, em resumo, mostram que o país ainda está longe do salto educacional necessário para alcançar o desenvolvimento socioeconômico almejado pelos brasileiros. 

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