
Entre "missão de paz" e "molecagem", novo impasse
Foi uma versão aguerrida do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que passou ontem pelo Congresso, segundo ele mesmo, "em missão de paz". Só que, ao ser confrontado pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), autor do vídeo que ajudou a sepultar mudanças de regulação do Pix, falou em "molecagem" para se referir ao fato de o parlamentar ter feito uma crítica dura e, em seguida, saído do plenário sem esperar respostas. Outro deputado, Carlos Jordy (PL-DF), vestiu o chapéu e devolveu um "moleque é você".
A "torta de climão" foi o que Haddad não precisava e tudo o que os deputados queriam. A audiência foi cancelada e surgiu um impasse sobre a saída do impasse anterior. O resultado é um cenário mais nebuloso. Os deputados ganharam vídeos para bombar nas redes sociais desreguladas e o país perdeu uma oportunidade de buscar alternativa viável para equilibrar as contas.
Embora as propostas apresentadas como "alternativa" ao aumento de IOF sejam criticáveis, assim como todo o vaivém do governo sobre tema do ajuste fiscal, o debate público exige responsabilidade e algum nível - esperar que seja "alto" já é pouco viável.
Descompromisso com pacote
Se houve alguém no atual governo que dedicou tempo e atenção ao Congresso, foi Haddad. Mesmo depois que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou não ter "compromisso" com a aprovação das medidas que foram discutidas por horas no domingo à noite, o ministro elogiou a disposição de negociar saídas do parlamentar. E lembrou de seu histórico com o Legislativo:
- Houve negociação em todas as ocasiões.
Em encontro com empresários, Motta voltou a demonstrar seu descompromisso com o pacote fiscal. Disse em público que já havia "alertado" o governo Lula sobre a reação "muito ruim" às novas medidas preparadas pela equipe econômica:
- Não estou à frente da Câmara para representar o projeto político de ninguém. Precisamos ter um ambiente econômico e político para ter condições de crescimento no país. _
Entrevista - Daniel Rando - Presidente da Randoncorp
"Oportunidade de antecipar investimentos nas unidades nos EUA"
A Randoncorp, indústria com origem em Caxias do Sul e presença internacional crescente, reforçou sua "Ambição ESG". Daniel Randon reafirma compromissos sociais e ambientais em cenário que combina a consciência de que "uma hora, a conta vem", demanda de clientes e resultados financeiros.
Como a Randoncorp sustenta seu projeto ESG ante o desafio à agenda?
É trabalho de longo prazo. Precisamos nos preocupar com governança e os impactos social e ambiental, até porque não tem almoço grátis. Uma hora, a conta vem. Atuamos no setor automotivo, que tem muitas oportunidades, mas também é muito visado pela emissões de gases de efeito estufa. Nosso papel é continuar investindo em tecnologias como o eixo e-Sys, que economiza até 25% de combustível.
Há outras iniciativas?
Temos a Composs, que produz a partir de compósitos mais leves e podem substituir aço e outros componentes mais pesados, aumentando a eficiência. E investimos na Caldeira Verde, com biomassa, que traz energia com menor impacto. Como a empresa tem capital aberto (ações negociadas em bolsa), temos obrigação de medir o impacto no ambiente.
Quais são os resultados?
Nos últimos dois anos, ficamos entre as três empresas privadas com maior número de patentes requeridas no Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Industrial).
A Randoncorp passa por forte processo de internacionalização, enfrenta problemas com o tarifaço?
Nos EUA, como em todo o mercado, há repasse de preço pela demanda, mas também vemos como oportunidades. Saímos de uma receita no mercado externo nos últimos anos de cerca de 15% para 25% e devemos chegar a 30%.
Como a empresa está nos EUA?
Temos fábricas de semirreboques em Nova Jersey, de eixos em Louisville, no Kentucky, e também uma fábrica de material de fricção desde 2008 no Alabama. Vemos oportunidade de antecipar investimentos previstos no futuro nas unidades nos EUA.
O abastecimento dessas unidades está normal ou há alguma dificuldade com as restrições à China?
Está tudo normal hoje. Acredito que é questão de tempo para buscar equalização para o tarifaço. _
Cultural de volta
Uma das instituições mais tradicionais do ensino de inglês está ressurgindo. Fundado há 87 anos, com participação do escritor Erico Verissimo, o Instituto Cultural Brasileiro Norte- Americano vai deixar sua atual sede no centro de Porto Alegre.
A nova estrutura será dividida: a parte pedagógica vai ficar no Bom Fim, em unidade comprada da escola de idiomas Yázigi. O novo centro administrativo será instalado em uma sala na Associação Comercial de Porto Alegre.
O Instituto Cultural tinha déficit anual superior a R$ 1 milhão, até o atual presidente Paulo Afonso Pereira iniciar processo de reestruturação, em janeiro de 2024. Agora, tem quadro superavitário. O atual prédio do Instituto Cultural será alugado pela Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre. O plano de expansão inclui a abertura de pelo menos cinco novas unidades até o final de 2027. A primeira em estudo é em Novo Hamburgo. _
Cautela com EUA&China
Um mês após a trégua comercial de 90 dias declarada entre EUA e China e poucos dias depois da acusação de que o gigante asiático havia "violado" o acerto, foi anunciado um novo acordo sobre tarifas que envolve fornecimento de terras raras do gigante asiático ao país mais rico do mundo.
O comunicado foi recebido com cautela pelo mercado, dados o retrospecto pouco confiável, a falta de detalhamento e o fato de os negociadores - incluído o lado chinês - terem informado que os termos ainda precisam ser chancelados pelos dois presidentes, Donald Trump e Xi Jinping. No Brasil, o dólar caiu 0,57%, para R$ 5,538, e a bolsa subiu 0,51%.
O ponto crucial é a garantia da China de que mais remessas de terras raras cheguem aos EUA. Os americanos viam "lentidão" em liberar a exportação desses minerais, essenciais para a indústria de tecnologia.
A contrapartida americana seria a retirada de restrições à importação de softwares de design de chips, peças para motores a jato, produtos químicos e materiais nucleares.
Em publicação na sua rede social, Trump afirma que o resultado seria tarifa média de 55% cobrada pelos EUA e de 10%, pela China. Afirmou, ainda, que o acordo inclui a permissão para que chineses tenham acesso às universidades americanas - "o que sempre foi bom para mim", escreveu no post. No final de maio, foi anunciada a decisão de revogar vistos de estudantes chineses nos EUA.
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