
20 de Junho de 2025
O setor farmacêutico enfatiza que o próprio "plano B" dos supermercados mostra o quanto o "plano A" era precário. Acrescentou que mesmo o de agora não traz grandes novidades, porque já pode ter farmácia em hipermercado, desde que separada da área de vendas (antes dos caixas) e pertencendo a grupos independentes.
O Conselho Nacional de Saúde também argumenta que, mesmo com a nova proposta, o interesse de venda pode se sobressair sobre a saúde do consumidor. Supermercados argumentam que o preço do medicamento ficaria mais barato e reclamam da "invasão de campinho" feita por farmácias, que estão vendendo de alimentos a chinelos e brinquedos.
Perceba que a disputa envolve setores gigantes e com muita capilaridade. _
Entrevista - Sérgio Mena Barreto - Presidente da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma)
"A proposta anterior dos supermercados levaria ao caos"
A Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) procurou a coluna para se posicionar sobre a polêmica. O presidente, Sérgio Mena Barreto, deu entrevista ao Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha.
Qual sua avaliação sobre a nova proposta dos supermercados?
Olha, não muda muito da realidade atual. O supermercado já pode ter farmácia. Tanto que muitos operam. Alguns desistiram, porque é muito complexo, mas alguns mantêm com êxito. Só para lembrar: uma proposta anterior seria liberar venda de medicamentos em qualquer lugar, supermercado, bares e assemelhados. O setor de saúde sempre considerou isso perigoso, jogaria o Brasil em um atraso grande. A proposta de agora inova porque o modelo é ter uma farmácia dentro do supermercado.
No que difere do que já é permitido?
Não tenho acesso à proposta. Ficaram de apresentar formalmente no Senado. Participei da audiência pública, ela foi citada verbalmente, mas não me pareceu, nem ao senador Humberto Costa, que é o relator, algo muito diferente do que tem hoje.
A coluna recebeu informações de que, pela proposta, seria permitido colocar farmácia dentro da loja e pagar nos caixas.
É, foi citado isso. Teria que ver as implicações fiscais e legais. A farmácia pode vender medicamentos, higiene, beleza, saúde e conveniências autorizadas nas leis locais, ao contrário do que o supermercado brada aos quatro ventos: "a farmácia invadiu a área do supermercado, vende produtos que não poderia". Em 2014, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou essas legislações constitucionais. O supermercado tem que fazer a mesma coisa e não sei, segundo a lei, se uma farmácia dentro do supermercado com o mesmo código de atividade econômica pode atender no caixa ou na porta.
Por que a atividade de farmácia é complexa?
A cadeia de medicamentos, não só no Brasil, mas no mundo, é o que chamamos de fechada. Ou seja, o princípio ativo que faz o remédio tem um rastreio no distribuidor e até chegar à farmácia, com dezenas de regras da vigilância sanitária. Não é como um pacote de arroz, que não precisa de autorização alguma para vender. O medicamento precisa ter acondicionamento em centro de distribuição refrigerado, ser levado em temperatura adequada à farmácia e ter controle dos lotes. A primeira proposta dos supermercados levaria o Brasil a um caos, com abertura para falsificação, lavagem de dinheiro e venda de produtos não registrados, fragilidades que colocariam a população em risco. O Ministério da Saúde é contra, os conselhos de saúde também, todo o setor sabe o risco.
E quando os supermercados comparam com outros países?
Sempre usam como exemplo os Estados Unidos, que são um desastre sanitário global. É o país que mais tem medicação exagerada no mundo, obesidade, falta de acesso a produtos. O americano típico, que se automedica, usa o medicamento isento de prescrição e compra no supermercado porque não tem um SUS (Sistema Único de Saúde). Não existe lá uma política nacional de medicamento, uma cadeia como aqui e na Europa. Nos EUA é assim: seja o que Deus quiser, você põe lá, o americano se automedica e está tudo bem. Mas isso tem um custo gigante para o Estado. É o país que mais gasta com agravos (danos à saúde). _
Negativação suspensa
O Banrisul vai suspender a negativação ou o protesto de todos os produtores com crédito rural. A decisão foi tomada em reunião extraordinária de diretoria ontem, informou à coluna o presidente do banco, Fernando Lemos.
O prazo de suspensão será de 90 dias a partir da próxima terça-feira, dia 24. Isso porque leva 48 horas para retirar os registros do cadastro de inadimplência. Lemos disse que não é possível dimensionar o número de produtores ou o montante de dívidas.
- Todo dia vencem operações. Não tem como verificar, mas é um gesto para aguardar soluções necessárias. O agro é o maior ativo econômico que o Brasil possui, tem que ser olhado por essa ótica - afirmou.
Suspender a negativação permite o acesso ao crédito, mas a dívida prossegue. Recentemente, o governo federal anunciou prorrogação do vencimento das dívidas rurais. _
Condomínio com 15 torres
Maior construtora do país, a MRV construirá um condomínio com 15 torres no bairro Vila Nova, na zona sul de Porto Alegre. Não é informado o investimento no Porto Guarani, mas a empresa aportará R$ 240 milhões no Estado em 2025. Os 300 apartamentos terão a partir de 38m², pelo Minha Casa, Minha Vida.
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