
POLÍTICA E PODER - Rosane de Oliveira
Passados quase 14 meses da enchente de 2024, os estragos provocados pela chuvarada dos últimos dias mostram que o dever de casa não foi feito. É indiscutível que a chuva está sendo anormal se comparada a padrões de 10 ou 20 anos atrás, mas em 2024 os cientistas cansaram de avisar que deveríamos nos preparar para a ocorrência cada vez mais frequente de tragédias climáticas.
A repetição de cenas de pessoas tendo de abandonar suas casas, com água pela cintura, atesta que, mesmo tendo dinheiro para a execução de obras essenciais, boa parte das prefeituras não conseguiu fazer o mínimo para proteger a população, como o hidrojateamento de canos obstruídos.
O caso de Canoas é um exemplo dessa ineficiência. Não há como separar o que é responsabilidade da gestão anterior e o que é da atual, mas o prefeito Airton Souza reconhece que só metade da canalização passou pelo processo de hidrojateamento. Isso explica por que o bairro Matias Velho alagou de novo.
O que mais se ouve dos prefeitos é que "choveu demais". Verdade que a partir de uma certa quantidade de chuva qualquer cidade do mundo pode alagar, mas no Rio Grande do Sul não se pode considerar "novo normal" as pessoas de determinados bairros precisarem trocar a mobília a cada 12 meses.
As comportas do Guaíba ainda não foram exigidas depois da enchente de 2024, mas, se fossem, o desastre estaria consumado. Mais de um ano não foi suficiente para a prefeitura instalar um simples portão no Muro da Mauá.
O prefeito Sebastião Melo também reclama - com razão - das pessoas que jogam lixo na rua sem se preocupar com as consequências. Falta educação ambiental e, se isso não mudar, continuaremos a chorar pelos estragos a cada sequência de dias chuvosos.
A lentidão das prefeituras pode ser confirmada por outros números: das 394 pontes aprovadas, 241 ainda não tiveram as obras iniciadas. Das 68 obras de contenção, 31 ainda não começaram. Nenhuma das 26 escolas aprovadas está em obras. Das 32 unidades de saúde, 27 não começaram a ser construídas. _
Leite define até semana que vem se recria pasta da Mulher
Até o final da próxima semana, o governador Eduardo Leite vai decidir se recria a Secretaria de Política para as Mulheres. O pedido foi tema de reunião ontem.
Um documento entregue a Leite alerta sobre o aumento em indicadores de violência contra a mulher no Estado.
- Somos o quinto Estado que mais perde mulheres por este tipo de crime e é imprescindível que se pensem ações articuladas pela proteção dessas vidas - afirma a deputada estadual Bruna Rodrigues (PCdoB). _
TCE terá benefício por acúmulo de trabalho
O Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS) vai conceder aos conselheiros gratificação por "exercício acumulado de jurisdição" retroativa aos últimos 10 anos.
Na prática, isso significa que os membros do TCE vão receber valores pelo acúmulo de trabalho que tiveram desde 2015.
O impacto financeiro das licenças compensatórias será de R$ 30.220.286,29, já corrigidos pelo IPCA e contabilizando juros, conforme levantamento do Serviço de Folha de Pagamento do TCE. A Supervisão de Orçamento e Finanças informou que há disponibilidade orçamentária e financeira, no exercício corrente, para cumprir parcialmente o valor.
A resolução 1.192/2024, que instituiu a gratificação, é válida para "Conselheiros e Conselheiros-Substitutos do Tribunal de Contas do Estado e aos Procuradores do Ministério Público de Contas".
Hoje, esse grupo é formado por 17 pessoas, mas nem todos receberão o valor integral do período pois já saíram (caso de Algir Lorenzon, que deixou o tribunal em 2022) ou entraram depois de 2015 (como Edson Brum, que substituiu Lorenzon). _
Debate sobre ajuda à Portela é suspenso
Está suspensa temporariamente a discussão sobre a forma como se dará o apoio do governo do Estado à escola de samba Portela, que levará à Sapucaí no ano que vem um enredo sobre religiosidade e resistência negra no Rio Grande do Sul.
Como ocorre sempre que uma escola homenageia um Estado, o governo entra com algum tipo de apoio. O secretário de Comunicação, Caio Tomazeli, disse à coluna que ainda não está definido "quanto nem como o Estado aportará".
- Esse enredo é importante para a cultura gaúcha, mas não temos definição sobre apoio financeiro - alegou Tomazeli. _
Congresso do GHC vai abordar clima
O foco é a saúde, mas o 1º Congresso Nacional do Grupo Hospitalar Conceição, de 28 a 30 de agosto, em Porto Alegre, vai tratar do impacto das mudanças climáticas, com palestrantes do Brasil e do Exterior. A Fiergs cederá o seu teatro. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, está confirmado. O prefeito de Recife, João Campos (PSB), deve falar da transformação digital na saúde. _
A coluna tem uma opinião: nenhum governo deveria destinar recursos para uma escola de samba do Rio de Janeiro ou de São Paulo. Recursos públicos escassos precisam ser tratados com parcimônia. Se a ideia é divulgar a cultura do Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite pode usar seu poder de articulação para convencer empresas gaúchas a investirem na Portela.
mirante
O deputado Delegado Zucco garante que a assinatura na CPI da CEEE e da RGE não tem relação com a rejeição, na CCJ da Assembleia, de seu projeto que amplia benefícios à Polícia Civil.
O PDT de Porto Alegre vai nomear uma comissão provisória para comandar o partido, até que seja convocada uma convenção para eleger um novo diretório. O vereador Márcio Bins Ely será o novo presidente a partir da próxima semana.
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