sexta-feira, 20 de junho de 2025


20 de Junho de 2025
INFORME ESPECIAL - Vitor Netto

Retórica dos líderes mundiais eleva o tom do conflito

Desde o início do conflito entre Israel e Irã, no dia 12 - há uma semana -, líderes mundiais têm trocado farpas nas redes sociais e em declarações, principalmente ao longo dos últimos dias. Os principais expoentes dessa digladiação são o presidente americano, Donald Trump, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

Ainda na segunda-feira, Netanyahu sugeriu que assassinar Khamenei "acabaria com o conflito" entre os países.

- Isso não vai escalar o conflito, vai acabar com o conflito - disse em entrevista à ABC News, ao ser questionado sobre um suposto plano israelense para matar o aiatolá.

Também na segunda, Trump entrou na briga e disse, na rede Truth Social, que todos em Teerã deveriam evacuar a cidade imediatamente. Ocorre que a capital iraniana tem 10 milhões de habitantes, ou seja, não seria fácil.

Na terça-feira, afirmou: "agora temos o controle total e completo dos céus do Irã". Apesar de Trump não assumir oficialmente seu envolvimento no conflito, a maioria de suas falas é na primeira pessoa do plural - "nós".

Horas depois, o americano disse que Khamenei era "um alvo fácil" e acrescentou: "Não vamos matá-lo, pelo menos não por enquanto".

E continuou suas farpas nas redes sociais: "RENDIÇÃO INCONDICIONAL!".

Ocorre que essa última frase incomodou Khamenei, que também protagonizou falas ásperas contra Trump e contra Netanyahu. Na terça, por exemplo, disse não ter piedade dos israelenses.

- Precisamos dar uma resposta firme ao regime terrorista sionista. Não teremos piedade.

Outra mensagem que gerou agitações nas redes sociais foi na noite de terça, quando o aiatolá escreveu:

- Em nome de Haidar, a batalha começa. Ali retorna a Khaibar com seu Zulfiqar.

Haidar é um nome frequentemente usado para Ali, que os muçulmanos xiitas consideram sucessor do profeta Maomé. Khaibar se refere a um lugar com importância na história islâmica. Já Zulfiqar pode se referir a uma espada lendária associada a Ali. _

Participação dos EUA

Ainda na linha do tempo das retóricas, na quarta-feira Khamenei afirmou que uma eventual intervenção militar dos EUA traria "danos irreparáveis".

- A nação iraniana e sua história jamais falarão com esta nação usando essa linguagem ameaçadora, porque a nação iraniana não se renderá. O povo iraniano está resistindo a uma guerra que foi imposta, assim como resistirá a uma paz imposta.

Mais tarde, no X, seguiu:

- O presidente dos EUA nos ameaça. Com sua retórica absurda, ele exige que o povo iraniano se renda. (...) A nação iraniana não se assusta com tais ameaças.

Ainda na quarta, Trump disse que o Irã quer negociar com ele:

- Por que vocês (os iranianos) não negociaram comigo antes de todas essas mortes e destruição? Por que não negociaram comigo duas semanas atrás? Vocês poderiam ter se saído bem.

Questionado sobre juntar-se aos ataques israelenses contra o Irã, Trump disse:

- Talvez eu faça, talvez não. Quer dizer, ninguém sabe o que vou fazer.

Não está clara a participação americana no conflito, porém Netanyahu já sugeriu que os EUA têm ajudado o país:

- Estão participando da proteção dos céus de Israel.

Ontem, a Casa Branca afirmou que os EUA decidirão a participação ou não em duas semanas (leia mais na página 14). _

Ofensiva contra bases nucleares iranianas

Israel atacou três instalações nucleares no Irã. A ofensiva ocorreu durante a madrugada de ontem e o objetivo, segundo o país, era de impedir o avanço do programa nuclear iraniano.

Um dos alvos foi um reator de água pesada em Arak. O Irã disse que o local, a 250 quilômetros de Teerã, foi evacuado antes do ataque e que não houve contaminação por radiação.

A água pesada é usada para resfriar reatores, mas também para a produção de plutônio, elemento que serve para armas nucleares.

Os outros alvos foram um centro de desenvolvimento nuclear em Natanz e em Isfahan. _

Irã vai se reunir com europeus

Enquanto os EUA ainda decidem sobre a possibilidade de participação ou não no conflito e o eventual apoio ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o Irã se reunirá hoje com chanceleres de países europeus para discutir a escalada das tensões.

O encontro será liderado pelo ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, e está previsto para ocorrer em Genebra, na Suíça.

Entre os participantes, estarão autoridades do Reino Unido, França, Alemanha e da União Europeia (UE). Há também a expectativa da participação da chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas. _

Papa Leão XIV vai tirar férias em Castel Gandolfo

O papa Leão XIV passará férias na residência de verão papal em Castel Gandolfo, nos arredores de Roma. Serão duas visitas: em julho e em agosto.

O ato retoma a tradição de um Pontífice utilizar o Palácio Apostólico durante o verão europeu. Ao longo dos 12 anos de pontificado, papa Francisco visitou o espaço em algumas ocasiões, mas nunca se hospedou.

Primeiramente, Leão XIV terá um período de descanso de 6 a 20 de julho. Segundo o Vaticano, durante sua estadia, o Pontífice celebrará missa e conduzirá a oração do Angelus nos dias 13 e 20 de julho.

Em 15 de agosto, data da Solenidade da Assunção da Virgem Maria, o Papa retornará a Gandolfo para uma missa, regressando ao Vaticano dois dias depois. _

Livro sobre ascensão da extrema direita

O vereador de Porto Alegre Roberto Robaina (PSOL) lançará hoje o livro A Ascensão da Extrema Direita e o Freio de Emergência (Editora Movimento). O evento ocorrerá no Clube de Cultura, às 18h30min.

No livro, Robaina analisa o crescimento da extrema direita no mundo a partir das crises do capitalismo, dialogando com pensadores como Marx, Adorno, Freud e Bataille, além de contemporâneos como Enzo Traverso e Vladimir Safatle.

O prefácio é assinado por Michael Löwy, diretor do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França e referência nos estudos marxistas. 

INFORME ESPECIAL

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