07
de abril de 2014 | N° 17756
PAULO
SANT’ANA | PAULO SANTANA
Tragédia arrabaldina
Levantei
ontem pela manhã aturdido com uma tragédia acontecida no bairro Jardim Protásio
Alves horas antes.
Uma
mãe saiu de casa para ir a uma festa e deixou seus filhos menores aos cuidados
do filho mais velho, com 15 anos.
Em
casa, o menor de 15 anos se embriagou e esfaqueou o irmão de cinco anos de
idade, que foi transportado para o Pronto Socorro.
Só
que os vizinhos se comoveram com a agressão e perseguiram o menor de 15 anos,
que foi morto com um tiro na testa desferido por um dos populares.
Já
viram algo igual a cair como um pesadelo sobre esta família? Já pensaram no
destino da mãe dos menores, que será perseguida por toda a vida por tê-los
deixado sozinhos e ido a uma festa?
Pobre
mulher, um filho morto a tiro e outro, com apenas cinco anos de idade, no
hospital para tratar do esfaqueamento.
Dificilmente
se verá uma tragédia familiar igual entre nós.
E o
que terá levado o filho de 15 anos a esfaquear seu irmão de apenas cinco anos
de idade?
Por
mais que se possa imaginar, não se compreende essa tragédia e suas tintas.
Além
do esfaqueamento do menino de cinco anos, a tragédia foi aumentando: os
vizinhos se comoveram com o menino esfaqueado e saíram em perseguição ao outro
menino, o irmão esfaqueador. E foi uma perseguição muito séria, tanto que um
dos vizinhos portava um revólver e matou com um tiro na testa o menor
embriagado.
Bota
drama nisso.
E
volto a me preocupar com a mãe, que chegou em casa, vinda de uma festa, e
deparou com tudo isso.
Esta
mulher não tem condições de prosseguir em sua vida com sequer um minuto de
serenidade doravante.
Viu
um filho pequeno ferido e perdeu outro de 15 anos morto pela revolta dos vizinhos.
Como
ficarão durante sua vida os quatro filhos sobreviventes? Com suas vidas
marcadas por esse infortúnio singular e aterrador.
Espantam
no episódio vários pontos. Um deles é de como as populações arrabaldinas em
Porto Alegre, com frequência, fazem justiça com as próprias mãos.
Esse
pelotão de vizinhos correu quadras em perseguição ao menor que esfaqueou o
irmão menor sob a liderança de um indivíduo que portava um revólver, que foi
usado para um tiro na testa do irmão mais velho.
Um
drama que durou 30 minutos e sacudiu o bairro Protásio Alves. É estranho também
que não tenha aparecido qualquer policial para conter o justiçamento.
Esse
episódio bateu forte no meu espírito. Principalmente porque seus principais
atores eram menores que foram deixados em casa para sua mãe ir a uma festa.
Conheci
já na minha vida centenas de tragédias que foram originadas por terem deixado
sozinhos menores sem bússola.
E
até ontem à tarde não havia sido identificado o vizinho que matou o menor de 15
anos.
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