terça-feira, 8 de abril de 2014


08 de abril de 2014 | N° 17757
LUÍS AUGUSTO FISCHER

Uma festa

Vou pedir licença aos leitores do Segundo Caderno para abordar assunto de outra editoria. É que não posso, quase não posso, deixar de falar da reinauguração do Beira-Rio, este fim de semana. Estive lá com a família, entrando naquela sincronia rara de uma coletividade que se reconhece como tal, sabendo que se trata de algo ao mesmo tempo profundo e breve, apesar de sempre renovável.

Trabalhei na equipe de roteiro, com o Léo Garcia, a Valéria Chalegre e o chefe geral, Edson Erdmann, o cérebro e a mão dirigente por trás de tudo. Isso quer dizer que conhecia o andamento, os detalhes, o rumo da narrativa, enfim não era para eu me surpreender, nem para me emocionar.

Mas, meu caro leitor, eu caí em todas as armadilhas da narrativa e vi as cenas gravadas e as encenações ao vivo como se nunca tivesse conhecido nada antes. Que mistério é esse, que faz a arte nos comover, mesmo que seja numa releitura?

Naturalmente, se trata do Inter, o clube pelo qual torço desde menino, que já me fez rir e chorar tanto. Já escrevi sobre o Inter, já mergulhei em pesquisas sobre seu passado, e mais que tudo eu sei bem do tanto da minha subjetividade que está engolfado pela condição de torcedor. Isso explica uma parte da coisa. Mas não explica tudo.

Outra parte tem a ver com a qualidade do espetáculo, que foi muitíssimo bem produzido (abraço, Maria Bastos, Bernardo Bergmann, tanta gente!). E a terceira parte, talvez a maior, tem a ver com a natureza do Inter, sua história – as coisas que aconteceram, o modo como aconteceram, mas igualmente o modo como nós, colorados, interpretamos essas coisas.


Creio que em todos os momentos de celebração do Inter sempre esteve presente uma marca-chave: fazemos questão de enlaçar o presente com o passado, de retomar a vida e projetá-la ao futuro mas com a certeza do já vivido. Isso, e não outra coisa, nos faz ser o que somos.