09
de abril de 2014 | N° 17758
ARTIGOS
- Gustava Schifino*
Estado máximo, futuro
mínimo
O
trem descrito como Brics partiu da estação. Pouco mais de uma década atrás,
quando Jim ONeill cunhou esse acrônimo, o Brasil era sinônimo de futuro
próspero, pessoas e empresas de vários continentes estavam interessadas em
participar desse processo de desenvolvimento. Nosso país tinha feito a lição de
casa, e o espaço para crescer em um terreno firme, com respeito às instituições
civis e às iniciativas empreendedoras estava estabelecido.
Na
contramão desta expectativa, a pesquisa Focus do Banco Central feita com
instituições financeiras divulga que nosso PIB será neste ano de 1,63% – ainda
menor do que os 2,3% de 2013. Essa rota de declínio, que afasta o interesse dos
investidores, é causada, principalmente, pela piora na gestão fiscal devido à
ampliação do tamanho do Estado, bem como pela perda de credibilidade na
política econômica motivada pelas inúmeras tentativas de controle artificial de
preços.
O
país caminha para um projeto de Estado máximo, interferindo em áreas que
deveria apenas regular. Sempre, no Brasil, uma estatal terá desempenho inferior
a uma empresa privada, pois, para nos protegermos de um Estado corruptível,
deve-se licitar. E, normalmente, o que é mais barato traz consigo dificuldades
inerentes ao modelo “preço baixo”. Além disso, é comum vermos na chefia desses
organismos pessoas que desconhecem completamente o assunto a que estão submetidos.
Esses fatores levam a um péssimo desempenho, custando muito para sociedade.
Cada vez que ampliamos o tamanho desse gafanhoto, ampliamos de forma direta o
custo para a sociedade.
O
caminho para voltarmos à rota é estimular o empreendedorismo, que o governo
restrinja sua atuação apenas às áreas da educação, segurança e saúde e apenas
supervisione as demais. Dessa forma, as manchetes de atraso, impunidade e
desperdício dariam espaço para quem está determinado em fazer uma gestão
profissional e de longo prazo. No caso, o setor privado.
O
que queremos ser no futuro, passa pela urna. Se estivessem impedidas de votar
aquelas pessoas que estão de alguma forma na folha de pagamento do “Estado
máximo”, o ajuste de rota seria natural. Mas, como um terço dos eleitores tem
interesse em manutenção do bolsa-alguma-coisa, resta aos outros dois terços
refletir, e envolver-se de forma definitiva no processo, visando exclusivamente
a um futuro melhor para nosso povo.
*EMPRESÁRIO
E PRESIDENTE DA CDL PORTO ALEGRE