segunda-feira, 14 de abril de 2014


14 de abril de 2014 | N° 17763
PAULO SANT’ANA

Time começa no goleiro

Dou meus parabéns à torcida colorada pelo título e pela goleada e passo, a seguir, a explicar a tragédia gremista, é claro que sob o meu ver.

Notem bem, porque esse detalhe precioso e decisivo que vou citar a seguir passa despercebido à amassante maioria das pessoas.

Acontece que, com Dida, o Grêmio não perdeu nenhum Gre-Nal. E sentem-se em suas cadeiras: sem Dida, em apenas os dois últimos Gre-Nais, o Grêmio levou seis gols. Seis gols em dois jogos.

Evidentemente que todos notam que o Grêmio levou dois gols ontem por falta de goleiro.

No primeiro gol do Inter, peço que revejam o lance pela televisão, D’Alessandro chutou uma bola fácil de ser defendida e Marcelo Grohe engoliu. Provo o que estou escrevendo, o último a tocar na bola antes de ela entrar não foi D’Alessandro como muitos ingênuos pensam, foi Marcelo Grohe, que foi timidamente na bola, tocou nela, que entrou.

E, no segundo gol colorado, a falha do goleiro do Grêmio é mais ecoante, a bola passou no meio das suas pernas.

Nenhum time do mundo resiste num clássico a dois gols com falhas do seu goleiro, 4 a 1 foi muito pouco, era para ser mais.

Mas Marcelo Grohe não é culpado. Culpada é a diretoria do Grêmio que dispensou Dida, o invicto em Gre-Nais, permitindo que ele fosse para o Internacional. Como os dirigentes do Internacional se aperceberam da tolice da diretoria gremista em dispensar Dida, a diretoria colorada zombou dos dirigentes do Grêmio e contratou o goleiro gremista invicto em Gre-Nais. Resultado: Dida, que nunca perdeu Gre-Nal pelo Grêmio, passou a não perder Gre-Nais pelo Inter. Mas é lógico, isso é primário em futebol.

Não vejo surpresa nessa mancada decisiva da diretoria do Grêmio, cujos autores são os mesmos que contrataram Jean Deretti, Maxi Rodríguez e Alán Ruiz, que não jogam absolutamente nada.

Ou seja, um clube colhe o que semeia. Um clube que dispensa Dida decreta a sua autofalência. Mas o maior desastre na dispensa de Dida é que os dirigentes do Grêmio com isso fortaleceram o Internacional, que fez seis gols no Grêmio em apenas dois Gre-Nais. O Internacional, com Dida no gol, fez seis gols no Grêmio, obra do cálculo infeliz e inábil dos dirigentes gremistas. Um desastre. Nunca vi tantos aprendizes ou superados dirigirem futebol.

Ora, se é fundamental para um time um goleiro, e o Grêmio tinha em suas mãos o Dida e presenteou-o ao Internacional, então temos que morrer pastando. Somos burros condecorados com o vice gaúcho.

Porque o choque psicológico da goleada se transfere para a Libertadores. Nunca qualquer time que disputou a Libertadores tendo sido goleado pelo seu rival local teve sucesso.


Pobre deste Grêmio desgovernado.