17
de outubro de 2014 | N° 17955
EDITORIAL
ZH
AJUSTE
INEVITÁVEL
A
correção de rumos da economia, para que o país supere a estagnação, independe
das posições políticas em confronto pela Presidência.
O
debate político deveria fortalecer, e não enfraquecer, um consenso construído
ao longo do ano pelo setor produtivo e por analistas econômicos. Independentemente
da vontade do vitorioso na disputa pela Presidência, o eleito terá de fazer
ajustes na economia. Não são medidas pontuais, mas providências de fundo
estrutural, que restabeleçam as bases de um cenário de confiança e
investimento.
As
questões que merecem abordagem foram consagradas pelo debate e não têm relação
direta com posições partidárias ou ideológicas. É preciso atacar o
desequilíbrio fiscal, provocado pelo descontrole e pela queda de qualidade dos
gastos públicos, o aumento persistente dos preços e a defasagem das tarifas de
energia e dos combustíveis.
São
desafios que o governo vem desprezando desde muito antes do início da campanha
eleitoral. O retardamento de providências, com ou sem deliberado componente
político, agravou alguns aspectos decisivos para o fim da estagnação econômica.
O mais sensível, por ter impacto direto na vida de todos, é a inflação que pune
especialmente as faixas de baixa renda.
É
preocupante que o governo subestime índices sempre ao redor ou um pouco acima
do teto fixado pelo Banco Central, como se as taxas começassem a fazer parte de
uma ameaçadora normalidade. Não é normal que os preços continuem a corroer a
capacidade de compra da população. Também não é natural que, na tentativa de
segurar artificialmente os preços, o governo adie reajustes inevitáveis de
tarifas.
Por
intenções, sabe-se que os dois candidatos à Presidência admitem a urgência de
correções na política econômica. A presidente já deixou clara a decisão de
substituir o ministro da Fazenda, admitindo o esgotamento da estratégia adotada
até agora. E o candidato da oposição antecipou até mesmo o nome de quem, no
caso de vitória, ocupará a pasta, fazendo questão de dizer que o país precisa
se submeter a medidas duras. O embate entre ambos ainda não é, no entanto,
esclarecedor do que cada um pretende de fato fazer.
A
pretendente à reeleição está mais preocupada em dizer que o adversário fará um
ajuste recessivo “como seu partido fez no passado”, com alta de juros, aperto
fiscal, aumento do desemprego e queda da renda. Já o oposicionista assegura que
a recessão começou e que ele tem mais credibilidade junto aos mercados para
enfrentar a corrupção e a ineficiência estatal. A pouco mais de uma semana da
eleição, o eleitor espera que esse tempo não seja desperdiçado com ataques e
generalidades evasivas.