Jaime Cimenti
A feira sexygenária das
imortalidades
Nossa sexygenária Feira do Livro
é algo além, muito além do que o mais do mesmo cada ano melhor e mais moderno.
Um dia, a feira vai se espraiar da esquina da Rodoviária até o Gigante da
Beira-Rio, um dos maiores centros de energia boa do planeta, que vai acolher os
livros com carinho colorado.
Livros, livros de papel. Ainda
existem alguns apocalípticos tontos dizendo que o livro impresso vai morrer,
que será tudo eletrônico. Sei lá, faz milênios que esses coveiros frustrados de
enterros concorridos falam em morte do teatro, da música boa, do livro
impresso, dos jornais em papel, de Deus, da morte e não sei mais do quê. Estou
prevendo a morte deles, a morte da morte e mais a morte das previsões. Mas não
se assustem. De previsões, de pesquisas variadas e de algumas questões sociais,
não entendo nada e nem quero entender. Só quero amar. Nem quero dinheiro.
Tomara que o livro impresso seja
imortal como alguns escritores e times, que, coitados, por vezes não têm onde
caírem mortos e encararam, brava e solenemente, os tempos e os espaços
infinitos da eternidade.
Esses dias li que um executivo de
uns 35 anos, de uma empresa de mídia eletrônica de Nova Iorque, em casa, pede
que o filho de cinco anos leia, ao menos um livro impresso por dia. Ele acha
que as luzes, as barulhinhos e os outros inhos dos tablets não estimulam a fantasia,
a inteligência e a imaginação do mesmo modo que a leitura silenciosa e
concentrada dos livros de papel. Concordo, acho que faz sentido.
Nada contra esse mundo high tech,
abarrotado de sons e imagens que nos deixam atarantados, acompanhados por milhões
de seres, mas, ao mesmo tempo, carregando a solidão nas pontas dos dedos
infatigáveis atrás de fotos, palavras , sons e notícias que já estão velhas
antes de a gente tomar conhecimento delas.
Viva o livro impresso, os
perfumes do papel e da tinta, o olhar calmo, os sons do silêncio, as fantasias
sem pressa e a liberdade incomparável e sem tamanho que só a leitura quieta é
capaz de proporcionar. Viva o carinho das mãos nos livros impressos. Desculpem
a conversa meio antiga, mas é que o livro impresso não é moda, não está na moda
e nem moderno é. Eterno, claro, isso é o que ele sempre foi, é e será. Que nem
a feira, filha mais moça e preferida dele.
Jaime Cimenti