20
de outubro de 2014 | N° 17958
EDITORIAL
ZH
TRANSPARÊNCIA E RECONCILIAÇÃO
Ainda
que cause desconforto assistir a tantas acusações e a tantas denúncias de
corrupção, é melhor saber como pensam e agem os agentes públicos do que ignorá-los
e permitir que atuem nas sombras.
O país
ingressa dividido nesta semana decisiva para o seu futuro, faltando seis dias
para a escolha do homem ou da mulher que administrará a nação pelos próximos
quatro anos, além dos governadores estaduais que ainda não foram confirmados no
primeiro turno. Apesar da agressividade que vem marcando os debates
presidenciais e a guerra da militância pelas redes sociais, os brasileiros têm
motivos sólidos para reconhecer e celebrar o momento de amplas liberdades que o
país está vivendo.
Mesmo
em meio à irracionalidade desta verdadeira guerra ideológica em que se
transformou a disputa pelo poder, os cidadãos estão tendo a oportunidade de
acompanhar com total transparência a vida política do país e de acessar informações
e opiniões livres de qualquer censura. Ainda que cause desconforto assistir a
tantas acusações e a tantas denúncias de corrupção, é muito melhor saber como
pensam e agem os agentes públicos do que ignorá-los e permitir que atuem nas
sombras. A luz do sol – como afirmou um célebre magistrado norte- americano – é
o melhor dos desinfetantes.
Sob
a égide da transparência, portanto, as lideranças políticas do país estão
desafiadas a superar esse estágio crítico da animosidade e a buscar
alternativas conciliatórias para o Brasil que emergirá desta disputa quase
fratricida que assusta os mais sensatos. A lavagem de roupa suja deve se
encerrar com a abertura das urnas, para que vencedores e derrotados possam
conviver civilizadamente no futuro que se avizinha. Evidentemente, ninguém
precisa renunciar as suas convicções e a sua visão de mundo. Basta exercitar a
tolerância e aprender a conviver com quem pensa de modo diferente.
O
fato de estarmos presenciando um festival de abusos não significa que o debate
político seja inútil ou que as campanhas eleitorais devam ser submetidas a
regras arbitrárias. Significa, isto sim, que partidos, candidatos e uma parcela
do eleitorado ainda usam mal a própria liberdade. Mas numa democracia sempre
sobra espaço para as correções de rumo e, no caso de divergências, para o
entendimento e a reconciliação. Como se sabe, a melhor maneira de se corrigir
os defeitos da democracia é com mais democracia.