17
de dezembro de 2014 | N° 18016
PAULO
SANT’ANA
Fumei na UTI!
Já tive
dois cânceres e me operei com sucesso deles: na rinofaringe e no intestino
grosso. Ambos os cânceres que contraí, segundo estudos médicos, tiveram como
causador o cigarro, meu companheiro há mais de 50 anos.
Tenho
um colega que contraiu também um câncer no intestino e outro no rim. E, graças
a Deus, conseguiu extirpá-los do seu organismo.
E o
que fez imediatamente, logo após ter curado o seu câncer? Deixou de fumar. Ele
deixou de fumar porque teve câncer causado pelo cigarro. Eu também tive, mas não
deixei de fumar. Meu colega parou de fumar porque é um carreirista.
Eu não
sou. Pois bem, esta medida de abrangência nacional editada pelo governo,
mandando que não se pode mais fumar em recintos fechados em nenhum lugar do país,
eu a aplaudo.
Porque
ela é a mais eficaz das medidas que tomaram contra o fumo no Brasil. Isso vai
fazer com que milhões de pessoas em todos os tempos deixem de fumar.
Então,
eu dou apoio. O que eu não posso é me dominar, na qualidade de fumante, e
deixar de fumar. Só isso não exijam de mim.
Não
está em mim. Eu amo o cigarro e não costumo abandonar tudo ou alguém que amo. Vou
continuar fumando porque não sei viver sem fumar. Enquanto isso, vou torcer
para não me sobrevir outro câncer.
Lembro-me
agora, desde que estou falando sobre o meu vício em cigarro: certa vez, fui
fazer uma cirurgia no ouvido, no Hospital Mãe de Deus.
E
estava na UTI, me recuperando. Era madrugada quando me levantei sorrateiramente
e, cuidando para não desligar os fios em que estava ligado, fui até uma cadeira
onde havia deixado estrategicamente um maço de cigarros e um isqueiro.
Voltei
e fumei. Ligado nos tubos. Certamente nunca alguém tinha realizado, na história
da humanidade, uma façanha igual e tão estúpida.
E eu
realizei.