29
de dezembro de 2014 | N° 18027
ARTIGO
- LASIER MARTINS*
LAVAR O BRASIL
Asociedade
nauseada vem assistindo a escândalos em série. Algo endêmico no país, que
acabou culminando no maior de todos. As implicações da roubalheira na
Petrobras, contudo, são mais sérias do que se possa imaginar. Os desdobramentos
das investigações comprometem a credibilidade das instituições. A primeira
resposta e a mais dura tem que ser dada pela chefe do Executivo.
Mesmo
após a vitória nas eleições, Dilma Rousseff continua acossada não só pela
economia cambaleante, mas também por conta das denúncias envolvendo a maior
estatal do país, orgulho nacional, que se transformou em vergonha. Não basta
repetir o mantra de que não tolera os “malfeitos”.
É
pura figura de linguagem, com intuito de amenizar o que todos sabemos tratar-se
de corrupção, um verdadeiro assalto. O governo federal precisa de pulso para
conter os desmandos na Petrobras. Dilma não pode hesitar mais.
Do
Judiciário, espera-se a mesma independência externa e interna que pautou o
julgamento do mensalão e que vem norteando até aqui a atuação do juiz Sergio
Moro, condutor exemplar do processo que implodiu a máquina de irrigar dinheiro
de políticos corruptos de todas as correntes, boa parte de PT, PMDB e PP. Essas
siglas precisam promover uma limpeza nos seus quadros.
Por
fim, cabe ao Legislativo – onde estarei a partir de fevereiro, eleito senador
com o voto dos gaúchos – trabalhar para extirpar o câncer. O número de
parlamentares envolvidos pode superar três dezenas, uma bancada inteira sob
suspeita de envolvimento na Operação Lava-Jato. O clima é de alta tensão nesta
virada de ano.
A
classe política estará sob os holofotes e a repercussão obviamente é negativa.
Não basta apenas cassar o mandato dos envolvidos. É preciso encontrar soluções,
e mais uma vez estamos diante do desafio de promover o que o Congresso vem se
recusando nos últimos anos, a reforma política. Entre outros temas vitais, é o
momento para discutir urgentemente um dos itens mais importantes dessa reforma:
o financiamento das campanhas eleitorais. O Congresso não pode mais prolongar
esse assunto, sob pena de estar sendo conivente. Afinal, boa parte do dinheiro
desviado irrigou campanhas eleitorais em todo o país.
A
desonestidade dos cartéis de empreiteiros ricos, dos intermediários espertos e
dos políticos desonrados precisam do devido castigo e de remoção aos lugares
apropriados aos grandes delinquentes. Suas ações comprometeram verbas vultosas
que fazem falta à sociedade carente. O Brasil precisa de respeito.
*Senador
eleito (PDT-RS - LASIER MARTINS