Reinaldo
Azevedo
13/12/2014
às 5:55
Graça ataca autora das denúncias para
continuar com o nariz fora d’água. Ou: Querem saber como seria o país comandado
pelo PT e sem oposição? Olhem para a Petrobras!
Graça
Foster, presidente da Petrobras, tenta se manter com a cabeça fora d’água. Se
conseguir, pior para a estatal. As ações voltaram a despencar nesta sexta-feira.
Sim, caiu o preço do barril do petróleo, como é sabido. É a razão da hora. A
questão é saber onde estava a empresa brasileira quando veio esse fator
conjuntural. Resposta: no fundo do poço. A agonia parece não ter fim, e Dilma,
a nefelibata, finge que não é com ela. Só que é.
Nesta
sexta, o comando da estatal resolveu agir como de costume. Diante das evidências
— e evidências são — de que fora advertida das lambanças como diretora e como
presidente da empresa, Graça mobilizou a sua turma para desqualificar a
acusadora, Venina Velosa da Fonseca — que teria até ameaçado seus chefes porque
perdeu um posto importante.
A
questão aí não é “de quem”, mas “do quê”. Sim, é sempre bom saber o nome do
autor de uma denúncia. A pessoa pode ter interesse objetivo quando faz uma
acusação. Se uma grave ilegalidade está sendo apontada, no entanto, é ainda
mais relevante saber se estamos diante de uma verdade ou de uma mentira.
Fato
1: a roubalheira na Petrobras aconteceu.
Fato
2: Venina advertiu Graça (pouco importam as suas intenções).
Fato
3: Graça não tomou nenhuma providência.
Nem
ela nem o presidente que a antecedeu, José Sérgio Gabrielli, que vai se
agigantando, a cada dia, como o chefe de uma casa de horrores. Que ironia! A
Petrobras serviu de cavalo de batalha dos petistas nas eleições de 2002, 2006 e
2010. Lá vinha, invariavelmente, a mentira em tom de ameaça: “Os tucanos querem
privatizar a Petrobras…”. Eis aí: essa Petrobras que temos é aquela privatizada
pelo PT. O que lhes parece?
Se o
preço do barril de petróleo cair mais um pouco — ou, vá lá, se vier a se
estabilizar no atual patamar, a Petrobras estará ainda mais encalacrada do que
hoje. Todo o chamado “Plano de Negócios” do pré-sal vai para a cucuia. Os males
que o PT causou ao setor de energia no Brasil não serão corrigidos num tempo
curto. O partido errou no diagnóstico, errou no prognóstico, errou na operação.
E coroa a falta de competência com a evidência de que comandou, com certeza, a
gestão mais corrupta da história da empresa. Procuradores da força-tarefa da
Operação Lava Jato esperam ouvir Venina nos próximos dias.
Ainda
não há uma data agendada para o depoimento.
Balanço
A
situação é de tal sorte difícil para a empresa que ela teve de adiar de novo o
balanço do terceiro trimestre. Estamos a 18 dias do fim do quatro trimestre. A
PwC (PricewaterhouseCoopers), como se sabe, se negou a assinar os
demonstrativos em razão das sem-vergonhices que vieram à luz. A empresa teria
de dar baixa em seus ativos dos valores carreados para a corrupção. Mas quanto?
Eis o busílis. A estatal anunciou que recorreria a outros auditores. Mas, pelo
visto, a coisa não anda fácil. O novo prazo agora é 31 de janeiro.
Cabeça
erguida?
Lula
pede que seus “companheiros” ergam a cabeça e estufem o peito de orgulho. Mas a
Petrobras não deixa. A rigor, a empresa é a síntese e o sumo da forma como
esses patriotas governaram o Brasil.
Encerro
com uma provocação àquela banda — ou àquele bando — do jornalismo que deu agora
para demonizar políticos e eleitores de oposição. Na maior estatal brasileira,
o PT foi senhor absoluto por 12 anos. O resultado é o que se vê.
Ou
por outra: se vocês querem saber como é um governo petista sem resistência, olhem
para a Petrobras. É o que os companheiros gostariam de fazer com o Brasil.