terça-feira, 30 de dezembro de 2014


30 de dezembro de 2014 | N° 18028
DAVID COIMBRA

Compre ações da Petrobras

Sei exatamente o que faria com meu dinheiro neste momento, se tivesse algum: compraria ações da Petrobras.

Eis aí, inclusive, um conselho financeiro que dou a você, nababo leitor, e tão somente pelo preço do exemplar de Zero Hora: invista em ações da Petrobras e você ganhará muito dinheiro daqui a algum tempo.

Ou você acredita que a Petrobras vai à falência? Claro que não acredita, ninguém acredita, todos sabemos que a Petrobras vai se recuperar ali adiante. A Petrobras é a maior empresa da América do Sul, é robusta como um javali, é uma das vigas que sustentam a economia brasileira. Esse governo pode até cair; a Petrobras não cairá.

O Brasil democrático também não cairá, ainda que metade do governo faça solene entrada na Papuda, com o braço esquerdo erguido e o punho cerrado em desafio.

Assim como a Petrobras, a democracia brasileira pode ser abalada, não derrubada. Não mais. Esse tempo já passou. Ninguém nem leva a sério as rarefeitas manifestações pela volta dos militares ao poder. São tão anedóticas. São ridículas.

Mas observe como se luta contra a ditadura agora, nas franjas de 2015. Observe. A Avenida Castelo Branco mudou de nome. Um busto de bronze de Costa e Silva foi removido com pompa em Taquari. Faltou apenas o soar de trombetas para festejar a coragem do prefeito do PT, que enfim derrotou o ditador. E todos os dias alguém esbraveja contra os ditadores nos jornais, nas TVs, nas redes sociais.

Só que Costa e Silva e Castelo Branco morreram há mais de quatro décadas, todos os generais-ditadores morreram, aliás, e a democracia é exercida integralmente no país pelo menos desde a eleição de 89.

Então, qual é o verdadeiro objetivo dessa suposta luta contra uma ditadura que, felizmente, já faleceu e já se decompôs na sepultura?

O objetivo é desviar a discussão do que realmente importa. E o que realmente importa é que o Brasil está passando por um processo purgativo mais profundo do que foi a Operação Mãos Limpas, na Itália. O que realmente importa é que a varrição está só começando.

Não acredite nessas miragens. Não invista sobre essa capa que estão sacudindo na sua frente. Os militares golpistas são tão inofensivos quanto os agentes do comunismo cubano. Não é mais necessário lutar contra a ditadura. A ditadura se foi para sempre. Deve ser lembrada, deve ser estudada e dever ser lamentada. Combatida, não, porque não há o que combater.

O pretenso debate ideológico no Brasil não passa disso mesmo: de pretensão fátua, de cortina de fumaça, reles manobra diversionista. Vamos nos concentrar no que fará diferença para o Brasil, que se resume numa palavra:

Punição. Os corruptos têm de ser punidos. Roubou-se no governo Fernando Henrique? No governo Collor? No governo Sarney? Nas capitanias hereditárias?

Parece que sim. E daí? O roubo pregresso absolve o ladrão de hoje? Purifica-o? Torna-o menos ladrão?

Vamos fazer o seguinte: está provado que roubou, em qualquer tempo ou lugar, que seja punido. Sem ponderações. Sem relativização.

Só com a punição dos culpados alcançaremos a redenção. Porque a democracia brasileira vai seguir em frente e a Petrobras vai se recuperar. Mais limpos, ambos. Mais fortes.


É certo. Pode apostar seu dinheiro nisso.