30
de dezembro de 2014 | N° 18028
ARTIGOS
ZH
PASSAGENS PRECISAM DE
CALMA
Tal
diálogo me vem à baila quando percebo a angústia e o estresse de tanta gente
neste período de festas. Um pouco das correrias, dos apressamentos e das
bebedeiras e outras entorpecências da vida nestes dias. A paciência anda pouca.
Nesse percurso, perdem-se vidas, transbordam violências e exemplos pouco
defensáveis de valores humanos. Um segundo a mais atrás do semáforo é um
calvário, cinco minutos numa fila um absurdo, uma ultrapassagem sofrida um
acinte.
Nessa
ânsia de gozar o prazer antes, e primeiro, podemos estar enterrando-o. Ou nos
hospedando não em hotéis, mas em hospitais, ou ainda sendo hospedados na última
morada de todos nós.
2015
entrará sorridente e desdentado como todo ano novo, mas poderíamos aguardar
essa invenção que tanto nos organiza de um jeito mais interessante. De um jeito
mais prazeroso e generoso. A solidariedade, o dar lugar, pode também gerar
prazeres, que o digam os milhões de voluntários e militantes de causas sociais
em todo o mundo.
Querer
para outras pessoas também é inventar jeitos de felicidades duradouras e
calmas.
Um
minuto de adiamento do prazer pode ser como aquela fome abastecida para
saborear melhor o momento do banquete, que vamos comendo antes com os olhos.
Curtir os aromas do arredor não tem preço, mas contém fragrâncias, descritíveis
e indescritíveis, pois nem tudo cabe nas telas e nos teclados dessa nossa
ultramodernidade das telinhas touchscreen.
Ensinar
paciência, tolerância e apreço ao outro, para nós, professores, pais, mães
(adultos em geral), pode ser apenas o exercício de um ato, pois educação
continua a ser centralmente, nas relações humanas, o exercício do exemplo.
Normas legais temos muitas e mais e mais são editadas a cada ano, entre outras coisas
porque não as observamos. A vida pode ser mais simples e pode ser prazerosa.
Coordenador
do Projeto Protagonismo de Crianças e Adolescentes (Amencar), conselheiro do
Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedica)