26
de dezembro de 2014 | N° 18024
MOISÉS
MENDES
Venina
Tem
muita gente à espera de um herói, para que possa lidar melhor com os traumas
provocados pela máfia que saqueava a Petrobras. Mas será que a ex-gerente
Venina Velosa cumpre essa missão?
Alguns
se agarram a Venina como os desamparados de Gotham City se apegam ao Batman.
Desde a entrevista ao Fantástico, ela mexe com todo tipo de sentimento.
Tem
quem a considere desde já uma moça honesta, destemida. Outros acham que é
apenas uma ressentida. Há os que torcem para que a casa desabe sobre todos, e
Venina pode fazer esse trabalho. E tem os que apenas querem saber mais um
pouco. Estou entre esses.
Não
interessa se Venina é a Mulher Maravilha ou uma farsante. O que importa é saber
se o que diz é verdade e tem importância. O delator Paulo Roberto Costa era o
chefe dos saqueadores da Petrobras. Venina foi diretamente subordinada a ele de
2005 a 2009.
Foi
afastada do cargo de gerente de Abastecimento quando lidava com os contratos
das empreiteiras que construíam a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Caiu
quando descobriram problemas de “não conformidade” nos aditivos dos contratos. Foi
enviada para Cingapura (uma bela punição), com salário de R$ 69 mil.
Aditivo
é o nome da manobra para superfaturamento de obras, com valores acrescidos sem
muita dificuldade aos originais. Dizem que não há obra pública no Brasil sem
aditivo. Mas é claro que você não leva a sério os que tentam convencê-lo de que
isso começou agora. Podem apenas ter mudado a marca do aditivo e os gerentes. O
sistema é antigo, as empreiteiras são as mesmas.
Venina
aditivava contratos sob a supervisão de Costa. A presidente da Petrobras, Graça
Foster, o alvo da moça, diz que em algum momento a gerente e Costa se
desentenderam. Por quê? Que aditivo não teve o efeito esperado?
A
questão em aberto é: ela advertiu mesmo Graça Foster do que vinha ocorrendo?
Parece que sim. De um jeito torto, meio cifrado, há um alerta no e-mail de
2008, agora revelado.
Mas,
quanto à heroína, vamos manter a paciência e esperar mais um pouco. Venina não
é do mesmo barro de que foi feito o caseiro Francenildo, que em 2006 derrubou o
ministro Palocci.
26
de dezembro de 2014 | N° 18024
MOISÉS
MENDES
Venina
Tem
muita gente à espera de um herói, para que possa lidar melhor com os traumas
provocados pela máfia que saqueava a Petrobras. Mas será que a ex-gerente
Venina Velosa cumpre essa missão?
Alguns
se agarram a Venina como os desamparados de Gotham City se apegam ao Batman.
Desde a entrevista ao Fantástico, ela mexe com todo tipo de sentimento.
Tem
quem a considere desde já uma moça honesta, destemida. Outros acham que é
apenas uma ressentida. Há os que torcem para que a casa desabe sobre todos, e
Venina pode fazer esse trabalho. E tem os que apenas querem saber mais um
pouco. Estou entre esses.
Não
interessa se Venina é a Mulher Maravilha ou uma farsante. O que importa é saber
se o que diz é verdade e tem importância. O delator Paulo Roberto Costa era o
chefe dos saqueadores da Petrobras. Venina foi diretamente subordinada a ele de
2005 a 2009.
Foi
afastada do cargo de gerente de Abastecimento quando lidava com os contratos
das empreiteiras que construíam a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Caiu
quando descobriram problemas de “não conformidade” nos aditivos dos contratos. Foi
enviada para Cingapura (uma bela punição), com salário de R$ 69 mil.
Aditivo
é o nome da manobra para superfaturamento de obras, com valores acrescidos sem
muita dificuldade aos originais. Dizem que não há obra pública no Brasil sem
aditivo. Mas é claro que você não leva a sério os que tentam convencê-lo de que
isso começou agora. Podem apenas ter mudado a marca do aditivo e os gerentes. O
sistema é antigo, as empreiteiras são as mesmas.
Venina
aditivava contratos sob a supervisão de Costa. A presidente da Petrobras, Graça
Foster, o alvo da moça, diz que em algum momento a gerente e Costa se
desentenderam. Por quê? Que aditivo não teve o efeito esperado?
A
questão em aberto é: ela advertiu mesmo Graça Foster do que vinha ocorrendo?
Parece que sim. De um jeito torto, meio cifrado, há um alerta no e-mail de
2008, agora revelado.
Mas,
quanto à heroína, vamos manter a paciência e esperar mais um pouco. Venina não
é do mesmo barro de que foi feito o caseiro Francenildo, que em 2006 derrubou o
ministro Palocci.