17
de janeiro de 2015 | N° 18045
DAVID
COIMBRA
A loira completamente
nua
Lembrei-me
da loira Marilyn Monroe completamente nua. Não que alguma vez a tenha visto
completamente nua, nunca vi. Quer dizer, nunca em pessoa. Em fotos, vi. Eu e o
mundo. Naquela noite em que cantou Happy Birthday sussurrado para o Kennedy,
aliás, parecia que ela estava com-ple-ta-men-te nua. Pudera: o vestido que
usava, da cor de sua pele tenra, era tão apertado que lhe foi costurado no
corpo. O que significa que estava sem roupas íntimas, calcinha, nada. Que
alegria para o aniversariante.
Mas
dizem que, naquela noite, ela não ficou com o Kennedy presidente. Ficou com o
irmão senador.
Era
serelepe, Marilyn.
O
FBI, a CIA, a Máfia e a KGB gravaram os encontros de alcova de Marilyn com Kennedy.
Essas gravações ainda existem, para deleite da posteridade. Ou seja: seu
deleite, que você também é serelepe. Um francês escreveu um livro a respeito. O
francês esse não gostava de Marilyn nem de Kennedy. Segundo ele, Marilyn era
burra: numa cena famosa de Quanto mais Quente Melhor, ela tinha de perguntar:
“Onde está o Bourbon?” Só. Pois não conseguia. Teve de repetir a cena 48 vezes.
Já
Kennedy era maníaco por sexo em quantidade, não em qualidade. Nunca perdeu mais
de 15 minutos com mulher alguma. Sua média era de 45 segundos.
Já
havia lido essa fofoca em um grande livro, Tabloide Americano, de James Ellroy.
Recomendo vivamente. É um romance policial eletrizante, que conta fatos
verídicos de personagens históricos dos EUA: Kennedy, Marilyn, Sinatra, Ava
Gardner, Howard Hughes et caterva.
No
livro, se bem me lembro, Ellroy relata a famosa história de Kennedy e os
charutos cubanos. Esse caso vem sendo contado amiúde agora, depois que EUA e
Cuba reataram relações: um dia, Kennedy chamou seu principal assessor e lhe
pediu que comprasse, em 24 horas, mil charutos cubanos. O assessor se espantou:
“Mil???”. Sim, mil. Ele, então, reuniu os funcionários da Casa Branca e ordenou
que saíssem a vasculhar as tabacarias da cidade, em busca dos tais charutos. No
dia seguinte, apresentou-se ao homem não com mil, mas com 1.200 charutos.
Kennedy sorriu, aliviado, tomou a caneta de cima da mesa e assinou o documento
que decretava o bloqueio econômico a Cuba.
Foi
por isso que lembrei de Marilyn com-ple-ta-men-te nua: por causa dos charutos
do Kennedy. Ocorre que, agora, o governo dos EUA autorizou americanos a
voltarem de Cuba com US$ 100 em charutos, cada um, e as companhias aéreas se
preparam para estabelecer voos diretos para Havana.
Os
americanos invadirão Cuba. Nem mil Ches Guevaras impedirão a conquista da ilha
pelo capitalismo. Ninguém resiste ao charme sedutor do dólar.