sábado, 31 de janeiro de 2015


01 de fevereiro de 2015 | N° 18060
PAULO SANTANA

AGENTE DUPLO

Inicialmente, não acreditei, por isso dou aos leitores o direito de não acreditar neste fato fenomenal: o chefe da segurança pessoal do então secretário da Segurança Pública do RS, Airton Michels, foi ao mesmo tempo integrante graduado da quadrilha do traficante de drogas Xandi.

Creiam, mas isso aconteceu e ainda está se desdobrando entre nós.

A Justiça de Tramandaí já decretou a prisão desse agente duplo, o comissário de polícia Nilson Aneli.

Por natureza, o cargo de secretário da Segurança Pública tem de ter todas as informações sobre sua área. Pois o secretário da Segurança Pública Airton Michels não sabia que o comissário Nilson Aneli era também integrante de uma quadilha de traficantes e nomeou-o seu chefe da segurança pessoal.

Dá para acreditar? Mas o fato está se desdobrando há mais de uma semana na Justiça e no noticiário policial, por isso nos é oferecido assim de bandeja para abordá-lo.

Inicialmente, o então secretário da Segurança Pública, Airton Michels, teve a reação que todos tivemos: não acreditou. Mas logo em seguida ficou sabendo dos detalhes desmoronantes do caso e teve de admiti-lo. Foi enganado, ludibriado, logrado pelo chefe da sua segurança pessoal.

E o caso está aí nos jornais para quem quiser vê-lo e nele acreditar.

O arrepiante é que supunha-se que a Segurança Pública tivesse amplo domínio sobre seu setor. Pois não tinha, como se vê. E quem tinha amplo domínio de conhecimento sobre a pasta da Segurança Pública era justamente o agente duplo, o comissário Nilson Aneli, que servia ao secretário da Segurança Pública durante o dia e à noite servia ao tráfico, cheio e precioso de informações certamente.

É o mais impressionante caso de uma agência dupla que se instalou entre nós nas cercanias do poder, nas barbas do poder.

Estivesse ainda no cargo o ex-secretário Airton Michels quando estourou o escândalo, teria caído. Não por responsabilidade direta sobre a agência pública. Mas por ter sido marido traído.

Que caso! Fantástico, incrível, extraordinário!

MEUS LEITORES

- Sobre colunas dominicais:

Paulo Sant’Ana, boa noite!

Sou assinante de Zero Hora há 38 anos, levanto todas as manhãs pego minha Zero e vou tomar meu café enquanto me delicio lendo a tua coluna. O resto do jornal leio à noite. Agora esse prazer só acontece aos domingos, até o café perdeu a graça. Nada tenho contra o David, acho um bom jornalista, mas esta coluna tem marca registrada, que chamo a coluna do Pablo. Caso o Pablo não voltar, vou cancelar minha assinatura.

Muita saúde, Pablito, e um forte abraço

Atenciosamente

NILTON FRAGA

Porto Alegre

Resposta: Não cancele sua assinatura. Afinal, estarei escrevendo ainda todos os domingos. E nos outros dias você tem todo o manancial de colunas e notícias posto à sua disposição.

Se você cancelar sua assinatura, vou também cancelar minha coluna aos domingos. É claro que estamos, os dois, brincando, embora seja arriscado brincar com a realidade.

O MELHOR DE MIM

Pensamentos extraídos do meu arquivo de colunas

As pessoas se singularizam pela sua coragem.

O ciúme é a vida do amor.

A saudade é a presença de uma ausência entre deliciosa e amarga.

A saudade nos orgulha do que fomos, mas nos envergonha e sufoca por não podermos voltar a sê- lo.

Celebra-se na saudade a recordação indelével de fato, circunstância, pessoa que nos fizeram felizes, cuja lembrança no entanto nos amassa pela certeza de que aquilo jamais poderá voltar a nos acontecer.


A vida não passa de um passatempo. Todos nós vivemos a nos entregar a passatempos, enquanto a vida “só passa”.