quarta-feira, 4 de junho de 2025



04 de Junho de 2025
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Mais foco na "solução estrutural" do que no prazo

Ontem foi um dia decisivo em três atos. Cedo pela manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que apresentaria "solução estrutural" para as contas públicas à tarde, o que incluiria uma proposta de emenda constitucional (PEC). O mercado mostrava desconfiança, com dólar em alta e bolsa em baixa.

No final da manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não descartou a hipótese de adotar medidas que antes havia vetado, como desvincular benefícios previdenciários do reajuste real do salário mínimo e dos pisos de saúde e educação do aumento da receita. O dólar passou a cair, e a bolsa, a subir. No meio da tarde, Haddad adiou o anúncio ao menos até domingo, para quando previu reunião com líderes do Congresso.

Dólar e bolsa mantiveram o bom humor: a moeda americana fechou com queda de 0,7%, para R$ 5,635, e a bolsa subiu 0,56%, para 137.546 pontos. O foco do mercado foi mais na "solução estrutural" do que no prazo.

Almoço com boa digestão

Até porque, depois de um almoço com Lula, Haddad e os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), foi servido um discurso afinado. Ao justificar o adiamento depois do ultimato de 10 dias de Motta, Haddad afirmou:

- O presidente da Câmara, gentilmente, nos deu 10 dias. Apresentamos uma alternativa antes dos 10 dias. Tá apresentado, tá tudo bem.

Se houve ironia no uso da palavra "gentilmente", não transpareceu. Ao contrário, Motta destacou a "competência" de Haddad e sustentou:

- Estamos todos registrando essa sintonia entre Câmara, Senado e governo federal na busca de uma solução não só para um problema pontual de 2025, mas para que possamos avançar em discussão mais abrangente e estruturante para futuro do país.

Alcolumbre fez coro:

- O episódio foi muito didático. Agradeço a forma sensível como o presidente nos acolheu e Haddad, para buscar entendimento até para rever o decreto. E não podemos resolver se não discutirmos a agenda estrutural do país. Precisamos ter maturidade política para isso. _

Haddad avisou que, antes de rever o aumento de IOF, precisa da aprovação de ao menos parte das medidas. Disse ter uma "maneira formal" de resolver, sugerindo que substituiria ao menos parte do aumento de IOF via medida provisória.

Saiu a planta-piloto de hidrogênio verde... no MS

No dia em que o governo do Estado anunciou um edital com até R$ 102 milhões para projetos de hidrogênio verde, um dos recados dados pelo secretário da Casa Civil, Artur Lemos, foi de que não haveria interesse em plantas-piloto.

Um plano assim havia sido proposto, ainda em 2023, pela Rede Brasileira de Pesquisa e Inovação (RBCip), que funcionaria nas instalações do Tecnopuc em Viamão. Ao apurar qual é a situação da planta, a coluna descobriu que já está funcionando... no Mato Grosso do Sul.

Em nota à coluna, a rede informa que "a usina de hidrogênio verde no RS não avançou porque o desenvolvimento foi prejudicado pela crise humanitária enfrentada pelo Estado, com a enchente em 2024, e pela falta de apoio da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS)".

Ainda conforme a RBCip, foi transferida para o Mato Grosso do Sul, "com total apoio da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS)". Desde o mês passado, a usina produz uma tonelada de hidrogênio verde por mês, no período inicial de funcionamento.

A RBCip informa, ainda, que "continua disposta a investir no RS, levando sua expertise e conhecimento técnico, desde que haja apoio de instituições públicas e privadas para a instalação da usina". Um dos diferenciais da proposta é uso de água de esgoto como base, porque um dos pontos vulneráveis da rota do hidrogênio verde é exatamente a necessidade de grande volume de H2O para a eletrólise que separa hidrogênio de oxigênio. _

O que é

Hidrogênio verde é um combustível produzido por um processo conhecido como eletrólise, que exige grande volume de água e de energia. O processo básico é separar as moléculas da água (H2O), ou obter de forma individualizadas hidrogênio e oxigênio.

As redes entre o "invasivo" STF e o "emparceirado" PL

Enquanto o Congresso evita o debate sobre a regulação das redes, o sempre "invasivo" Supremo Tribunal Federal (STF) volta a examinar o tema. Sempre que é necessário (não quando é conveniente), a coluna lembra que o STF está longe de ser imune a críticas. Mas com frequência é acusado de ultrapassar os limites de seu poder diante da... inação de outro. Isso quando não se trata de ação abertamente ilegal de outro poder.

A responsabilidade das redes sobre as publicações volta à pauta hoje, após final de semana em que foi realizado um evento partidário com... "participação" de Google e Meta (dona de Facebook, Instagram e WhatsApp). O 2º Seminário Nacional de Comunicação do PL apresentava no card de convite os logotipos das duas big techs, embora negue que seja patrocínio.

Conforme o PL, seria "apenas" para que funcionários das plataformas orientassem os participantes sobre o uso de ferramentas digitais com foco em inteligência artificial. Mas que independência tem um partido para deliberar sobre eventual regulação depois desse grau de, digamos, interação?

E aí vem o "invasivo" STF. Cheio de defeitos, como é, da indicação política até o excesso de discricionariedade em muitos casos, passando pelos cargos vitalícios. Também tem, é bom lembrar, interatividade com redes, a ponto de correr risco de retaliação por parte do governo de turno no país onde ainda se localiza a grande maioria das big techs.

Mas quem serviria melhor à população brasileira? Quem já está "emparceirado" ou quem ainda mantém sua função de representante do direito público? _

Investimentos de R$ 9,7 bilhões

Presente em cerca de 380 municípios gaúchos, a distribuidora RGE, que pertence ao Grupo CPFL, teve aumento de 5,5% no consumo de energia no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Para dar conta dessa alta, a empresa elevou os investimentos previstos em expansão e modernização das redes em 19,8% em relação aos realizados no primeiro trimestre do ano passado. Por outro lado, a inadimplência teve queda.

- O plano 2025-2029 da CPFL Energia prevê o investimento de R$ 9,7 bilhões na RGE. A redução da inadimplência mostra que as estratégias de cobrança estão mais assertivas - diz Ricardo Dalan, diretor-executivo da RGE.

Os setores que mais cresceram foram rural (15,9%), residencial (8,3%) e industrial (2,4%). _

GPS DA ECONOMIA

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