ELIANE
CANTANHÊDE
Tudo embolado
BRASÍLIA
- A Petrobras, que já foi o que foi, agora compra uma refinaria por preços
exorbitantes nos EUA e vende outra bem baratinho para a Argentina. No mínimo, a
turma é ruim de fazer negócios.
O
pior é que a presidente Dilma Rousseff está no centro das discussões, com o
Planalto batendo boca com o advogado Edson Ribeiro, que defende o ex-diretor da
Petrobras Nestor Cerveró, pivô da crise.
Foi
Dilma quem criou a crise política e a ameaça de CPIs, quando disse, ou melhor,
escreveu, que, na condição de chefe da Casa Civil de Lula e presidente do
Conselho de Administração da Petrobras, foi induzida por um "relatório
falho" e por "informações incompletas" a aprovar a compra da
refinaria de Pasadena, nos EUA. "Seguramente", frisou, a operação não
deveria ser feita.
Advogado
de Cerveró, responsável pelo tal relatório esquisitão, desmentiu a versão da
atual presidente da República e foi além: os conselheiros (logo, Dilma
inclusive) receberam o contrato 15 dias antes, com tempo suficiente para examiná-lo.
"Se não o fizeram, foram no mínimo levianos ou praticaram gestão temerária."
Quis dizer que Dilma também?
O
Planalto negou, reforçando a versão original da presidente. Ficou uma sensação
de "acareação", aguardando algum papel, algum carimbo, algum rastro
burocrático que possa explodir uma das duas versões. Em forma de ameaça, o
advogado disse que Cerveró "não será bode expiatório". Ou seja, o
Planalto, que gerou a crise, e o diretor, que é o pivô dela, pagaram para ver.
Para
complicar, um mesmo doleiro, Alberto Youssef, deu um Land Rover para Paulo
Roberto Costa, outro ex-diretor da Petrobras enrolado com Pasadena, e emprestou
seu jatinho para o petista André Vargas, vice-presidente da Câmara, e seus
familiares. Youssef e Costa foram presos na Operação Lava Jato, da PF. Vargas
tenta justificar o injustificável.
Nada
a ver? Sim, pode ser. Mas está tudo muito embolado.