01 de junho de 2014 | N°
17815
PAULO SANT’ANA
Profusão de cesarianas
Um milhão de mulheres dão à luz
por ano através de cesarianas no Brasil, segundo o levantamento Nascer no
Brasil. No setor hospitalar privado, mais de 80% dos partos acontecem com
cesarianas. E, no SUS, mais de 50% dos partos são cesáreas.
Portanto, já não se fazem mais
mães como antigamente. Antigamente, as mães se orgulhavam de sentir a dor do
parto. Hoje, elas preferem se esconder atrás das anestesias nas cesáreas.
Tudo bem que sejam feitas
cesáreas quando haja necessidade clínica. Mas a maior parte das cesáreas é
realizada no Brasil sem justificativa clínica.
A Organização Mundial da Saúde
está protestando por essas incontáveis cesarianas que se fazem por aqui. O que
quer dizer que esse caudal cesariano é desaconselhável para a saúde das mães
brasileiras.
Desconfio de que essa preferência
pelas cesarianas esteja ligada a que as mães brasileiras em sua maioria
preferem não sentir a dor no parto e fogem para a anestesia nas cesáreas.
É estranho isso. Até agora eu
pensava que a mulher, ao ter parto natural e sofrer uma das dores mais
terríveis que existem, junto com a dor renal, tornava a dor do parto
inesquecível e por isso mesmo amava ainda mais profundamente o seu rebento.
Amor de mãe, se diz, é o maior de todos os amores.
Mas terá a mesma intensidade o
amor da mãe quando o filho nasceu por cesariana? Não é intrigante o que
proponho?
Grande parte das cesarianas é
feita porque as mães sentem-se ansiosas lá pela 35ª semana do parto e pedem aos
médicos que antecipem o nascimento pela cesárea. Entre as mulheres que optaram
desde o início da gestação pela cesariana, um terço delas referiu no
levantamento que o fez por medo da dor do parto.