29 de maio de 2014 | N°
17811
PAULO SANT’ANA
Enfim, absolvido
Fiquei comovido com o drama de um
leitor que foi absolvido no processo da Operação Rodin e quer que todos saibam
de sua absolvição porque sofreu muito com a repercussão do fato antes de ser
julgado.
Ele praticamente implora para que
esta coluna grite aos quatro ventos que ele agora está absolvido e declarado
inocente.
Por isso, permitam os leitores
que eu dê lugar aqui e agora à ânsia do leitor em divulgar que não tinha culpa
nenhuma.
Não é comovente?
Eis abaixo as suas razões:
“Prezado Paulo Sant’Ana. És um
excelente jornalista e um tremendo formador de opinião. Por conta disso, tua
coluna certamente é uma das mais lidas do jornal Zero Hora.
Sou um dos réus absolvidos no
processo criminal oriundo da Operação Rodin e penso que meu grau de inocência
no processo pode ser mensurado cotejando-o com o peso das penas aplicadas aos
demais acusados.
O ilustre magistrado Loraci
Flores de Lima assim se manifestou em trecho da sentença: ‘Aliás, ainda que
houvesse alguma prova categórica demonstrando a associação do réu com os outros
criminosos, tenho que faltou a voluntariedade, ou seja, o dolo específico de
GILSON para o cometimento de crimes.
Vale consignar ainda que absolvi
GILSON dos outros fatos delitivos a si imputados (fatos 21 e 29), sendo esta
mais uma razão a demonstrar a inconsistência acusatória (Volume 247.pdf, página
224)’.
Por conta disso e do intenso
sofrimento vivido por mais de seis anos com a pecha de criminoso, tempo
suficiente para que eu me graduasse em Direito e obtivesse a carteira da OAB e
para que minha filha entrasse na Faculdade de Arquitetura da UFRGS e concluísse
seu curso (além da perda de diversos entes queridos, como o meu pai), peço,
respeitosa e encarecidamente que publiques alguma nota ou comentário a respeito
da minha absolvição. Cordialmente, (ass.) Gilson Araujo de Araujo”.
Este é o caso de um leitor que
pediu a mim um favor e obteve-o ainda maior do que o seu pedido: transcrevi por
inteiro seu apelo.
Eu também acho que tem de haver
estrépito em absolvições quando há estrépito em acusações.
E fico eu, como colunista,
torcendo para que ao ler esta coluna o absolvido vibre intensamente com a
repercussão do que publiquei hoje a respeito. Ficarei vaidoso se acontecer
isso, vale a pena gastar espaço para proclamar a inocência de um acusado.