sexta-feira, 30 de maio de 2014

Fernando Soares

Agenda 2020 renova propostas para Estado

Grupos de trabalho do movimento vão atualizar documento com novas alternativas para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul

Criado em 2006 com o objetivo de contribuir com o desenvolvimento do Rio Grande do Sul em longo prazo, o movimento Agenda 2020 irá renovar sua pauta de sugestões para o Poder Público. Nesta quinta-feira, mais de 300 pessoas, ligadas ao empresariado, universidades e entidades de diferentes segmentos, se reuniram para debater questões relativas ao Estado. A ideia é analisar os resultados obtidos até o momento e criar novas alternativas em 12 eixos, como agronegócio, educação, saúde, infraestrutura, gestão pública e segurança.

“Essas proposições serão consolidadas ao longo do mês, gerando um documento de planejamento para o Estado. O objetivo é levar o material aos candidatos ao governo do Estado”, destaca Humberto Busnello, presidente do Conselho Superior da Agenda 2020. O dirigente fez uma retrospectiva dos objetivos traçados pelo movimento oito anos atrás, comparando o desempenho com os indicadores de momento. A conclusão é que dificilmente as metas serão alcançadas até 2020, data estabelecida como marco na criação da iniciativa.

Um dos alvos a ser perseguidos era igualar o Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Chile. Em 2006, o crescimento desse indicador no Rio Grande do Sul era de 1,1% ao ano, enquanto no país andino, de 3,3%. A média atual dos gaúchos segue em 1,1% e a dos chilenos já está em 6,3%. A relação de investimento em pesquisa e desenvolvimento com o PIB também segue estagnada em 0,11%. A meta era chegar a 3,32%, se equiparando a Estados Unidos e Coreia do Sul. Em contrapartida, entre os pontos considerados positivos estão a atividade dos parques tecnológicos e a criação da Lei da Inovação.

Uma das situações mais críticas se refere às finanças do Estado, na visão do diretor executivo da Agenda 2020, Ronald Krummenauer. O dirigente ressalta que de cada R$ 100,00 que entram no caixa do Rio Grande do Sul como receita, são gastos R$ 111,70. “Esse déficit é a consequência mais crítica. Temos claramente um sério problema de gestão pública. Tu não podes gastar quase R$ 12,00 a mais para cada R$ 100,00 que arrecadas. Isso traria problemas no orçamento de qualquer família”, compara. Nesse sentido, o especialista recorda que a média de investimentos atuais não ultrapassa R$ 1 bilhão, enquanto a receita líquida anual se aproxima dos R$ 30 bilhões.

Um dos fatores que sufoca a capacidade de investimento é a dívida com a União. Mesmo com a proposta de mudança no indexador que corrige os juros do débito em trâmite no Congresso, uma solução para o problema ainda precisa ser encontrada, segundo o economista Darcy Carvalho dos Santos. “A dívida não é o maior problema, mas é o único no qual uma solução imediata pode reduzir a despesa. Porém, a proposta que está tramitando não adianta muito. Vai reduzir o saldo devedor da dívida atual, mas vai abrir espaço para novos empréstimos, endividando mais o Estado”, aponta o coordenador do grupo de trabalho de gestão pública da Agenda 2020.

A infraestrutura também está na lista de gargalos a serem equacionados. Atualmente, o custo logístico do Rio Grande do Sul chega a 18% do PIB. Além disso, apenas 7% das rodovias gaúchas estão asfaltadas. “A raiz dos males de infraestrutura está na nossa falta de união, do Poder Público com a iniciativa privada.


Precisamos criar um plano de Estado pensando adiante, algo como a lei de responsabilidade fiscal. Assim, independentemente do governante, o plano seria cumprido”, destaca o empresário Paulo Menzel, responsável pelo grupo de infraestrutura do movimento.