Fernando
Soares
Agenda 2020 renova propostas para
Estado
Grupos
de trabalho do movimento vão atualizar documento com novas alternativas para o
desenvolvimento do Rio Grande do Sul
Criado
em 2006 com o objetivo de contribuir com o desenvolvimento do Rio Grande do Sul
em longo prazo, o movimento Agenda 2020 irá renovar sua pauta de sugestões para
o Poder Público. Nesta quinta-feira, mais de 300 pessoas, ligadas ao
empresariado, universidades e entidades de diferentes segmentos, se reuniram
para debater questões relativas ao Estado. A ideia é analisar os resultados
obtidos até o momento e criar novas alternativas em 12 eixos, como agronegócio,
educação, saúde, infraestrutura, gestão pública e segurança.
“Essas
proposições serão consolidadas ao longo do mês, gerando um documento de
planejamento para o Estado. O objetivo é levar o material aos candidatos ao
governo do Estado”, destaca Humberto Busnello, presidente do Conselho Superior
da Agenda 2020. O dirigente fez uma retrospectiva dos objetivos traçados pelo
movimento oito anos atrás, comparando o desempenho com os indicadores de
momento. A conclusão é que dificilmente as metas serão alcançadas até 2020,
data estabelecida como marco na criação da iniciativa.
Um
dos alvos a ser perseguidos era igualar o Produto Interno Bruto (PIB) per
capita do Chile. Em 2006, o crescimento desse indicador no Rio Grande do Sul
era de 1,1% ao ano, enquanto no país andino, de 3,3%. A média atual dos gaúchos
segue em 1,1% e a dos chilenos já está em 6,3%. A relação de investimento em
pesquisa e desenvolvimento com o PIB também segue estagnada em 0,11%. A meta
era chegar a 3,32%, se equiparando a Estados Unidos e Coreia do Sul. Em
contrapartida, entre os pontos considerados positivos estão a atividade dos
parques tecnológicos e a criação da Lei da Inovação.
Uma
das situações mais críticas se refere às finanças do Estado, na visão do
diretor executivo da Agenda 2020, Ronald Krummenauer. O dirigente ressalta que
de cada R$ 100,00 que entram no caixa do Rio Grande do Sul como receita, são
gastos R$ 111,70. “Esse déficit é a consequência mais crítica. Temos claramente
um sério problema de gestão pública. Tu não podes gastar quase R$ 12,00 a mais para cada R$ 100,00 que
arrecadas. Isso traria problemas no orçamento de qualquer família”, compara.
Nesse sentido, o especialista recorda que a média de investimentos atuais não
ultrapassa R$ 1 bilhão, enquanto a receita líquida anual se aproxima dos R$ 30
bilhões.
Um
dos fatores que sufoca a capacidade de investimento é a dívida com a União.
Mesmo com a proposta de mudança no indexador que corrige os juros do débito em
trâmite no Congresso, uma solução para o problema ainda precisa ser encontrada,
segundo o economista Darcy Carvalho dos Santos. “A dívida não é o maior
problema, mas é o único no qual uma solução imediata pode reduzir a despesa.
Porém, a proposta que está tramitando não adianta muito. Vai reduzir o saldo
devedor da dívida atual, mas vai abrir espaço para novos empréstimos,
endividando mais o Estado”, aponta o coordenador do grupo de trabalho de gestão
pública da Agenda 2020.
A
infraestrutura também está na lista de gargalos a serem equacionados.
Atualmente, o custo logístico do Rio Grande do Sul chega a 18% do PIB. Além
disso, apenas 7% das rodovias gaúchas estão asfaltadas. “A raiz dos males de
infraestrutura está na nossa falta de união, do Poder Público com a iniciativa
privada.
Precisamos
criar um plano de Estado pensando adiante, algo como a lei de responsabilidade
fiscal. Assim, independentemente do governante, o plano seria cumprido”,
destaca o empresário Paulo Menzel, responsável pelo grupo de infraestrutura do
movimento.