quinta-feira, 22 de maio de 2014


22 de maio de 2014 | N° 17804
PAULO SANT’ANA

Inveja é pior que vaidade

De outra vez que a presidente Dilma me convidar para comparecer ao Palácio da Alvorada, não irei.

Foi tanto e tão poderoso o ataque de inveja que sofri por ter ido a palácio, que até a minha morte nunca mais irei a Brasília.

E teve gente que escreveu que o que me moveu a ir a Brasília foi a vaidade, ou seja, o invejoso criticando o vaidoso.

Mas não fui só eu o invejado. Alguns dos outros nove jornalistas que compareceram ao Palácio da Alvorada me escreveram que foram criticados por leitores dos seus jornais por terem aceito o convite de Dilma.

São uns invejosos. O que dói neles é que nunca foram chamados por nenhum presidente para uma audiência.

É chato ser gostoso. Dilma só lembrou de mim para chamar-me. Isso dói profundamente em quem nunca será chamado nem por um funcionário inferior do governo.

O interessante é que se sucederam inúmeros governos federais antes de Dilma e nenhum me chamou.

Por que não me elogiam por não ter comparecido a Brasília durante 43 anos?

E depois teve uma coisa que doeu mais profundamente nos invejosos: a publicação da foto em que Dilma se deixa abraçar por mim e sorri para o retratista.

Como doeu!

Nem passou pela minha cabeça enquanto viajava para Brasília que minha ida lá iria provocar tanta inveja.

Se tivesse passado pela minha cabeça, não iria.

Gozado, se outra pessoa tivesse ido a Brasília a chamado da presidente, nem de leve a invejaria. Tantos já foram chamados e eu não os invejei.

Mas agora é diferente: eu fui o alvo da inveja.

Presidente Dilma, para não nos incomodarmos mais, nunca mais me convide para ir a Brasília. Estou dizendo isso porque soube de fonte segura, das fraldas do Alvorada, que a presidente Dilma pretende me convidar para debater com ela aquela ideia que sugeri à nossa suprema mandatária no jantar: que ela arranje um modo de não continuar deixando que sejam reduzidos mês a mês, ano a ano, os proventos dos aposentados que ganham mais que o salário mínimo.

Se Dilma me receber para debatermos isso, a Província virá abaixo.


Eu nem quero ver então a inveja esganiçando...