18
de novembro de 2014 | N° 17987
EDITORIAL
ZH
CHEGA DE CORRUPÇÃO, CHEGA DE
IMPUNIDADE
O
país não pode mais aceitar tantos desmandos. Basta de tolerância e conivência
com os reiterados saques aos cofres públicos por falta de controle e punição.
Já
não há mais dú-vida de que o escândalo da Petrobras é um dos maiores, senão o
maior, da história do país e compromete inquestionavelmente dezenas de
dirigentes e executivos de empreiteiras, servidores e diretores da estatal,
políticos de diversos partidos e governantes no desvio de recursos bilionários.
O
que já se pode antecipar, enquanto avançam as operações da Polícia Federal, é
que será um teste de fogo para as instituições democráticas do país. Aos
brasileiros estarrecidos diante dos desdobramentos do que o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, chamou de rastilho de pólvora das delações premiadas
, resta torcer para essa operação marcar de fato o fim da impunidade.
Mas
é importante ficar atento também ao descaso reiterado de autoridades, que
permitiram os desmandos por tantos anos, a começar pela Presidência da
República. Esse tipo de comportamento tolerante, característico também da
gestão anterior, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ajuda a explicar a
resistência da corrupção.
Diante
da inevitável indignação popular provocada pelo caso, não basta a presidente
Dilma Rousseff alegar que a investigação vai mudar o país para sempre, pelo
fato de se estender também aos corruptores.
A
presidente da República está devendo à nação uma prestação de contas mais clara
e mais convincente sobre os desmandos na estatal. Acima de tudo, deve resposta
a uma pergunta que os brasileiros preocupados com seu país e com o futuro de
sua maior empresa não têm como evitar: por que o Planalto não fiscalizou seus
subordinados a tempo de evitar os danos continuados?
A
falta do empenho necessário na luta contra esse mal acaba se disseminando a
outras áreas. Só agora, a presidente da Petrobras, Graça Foster, anuncia a
intenção de criar uma diretoria com o objetivo de aumentar o controle sobre os
acordos fechados pela estatal. Se as fraudes se estendiam há tanto tempo, por
que deixar que isso ocorra só depois de um constrangedor adiamento do balanço
contábil da empresa, frente às evidências de um esquema superior até mesmo ao
mensalão em suas entranhas?
E
como entender o papel do Congresso que, diante da iminência de ver muitos de
seus integrantes favorecidos pelo desvio de recursos, limitou-se a aprovar duas
comissões parlamentares de inquérito (CPIs), com pouca ou nenhuma contribuição
para o esclarecimento dos fatos?
O
país não pode mais aceitar tantos desmandos. Basta de tolerância e conivência
com os reiterados saques aos cofres públicos por falta de controle e punição.