23
de novembro de 2014 | N° 17992
PAULO
SANT’ANA
Impunidade é maior do que
corrupção
Todo
governante é suscetível de corrupção.
Ou
melhor, todo ser humano é suscetível de corrupção, mas os governantes o são
ainda mais.
Há
orações religiosas que dizem o seguinte: “Livrai-nos, senhor Deus, da
tentação”.
Para
serem mais explícitas, essas orações deveriam dizer: “Livrai-nos, senhor Deus,
do exercício do poder”.
É
que é muito difícil, quase impossível, exercer o poder sem se corromper.
Uns
se corrompem por mais, outros, por menos, conforme for o tamanho da fatia de
poder que possuírem ou ostentarem.
E
todo governante ou funcionário público que cede à propina ou a qualquer outra
forma de suborno está traindo o seu povo, pois foi posto nesse cargo para
defender os direitos do seu povo e protegê-lo dos maus.
Quem
pegou propina na Petrobras, portanto, quem concedeu às empresas privilégios de
exploração dos serviços da Petrobras e foi subornado para tal, traiu em última
e primeira análise o povo brasileiro.
O
povo brasileiro tem, portanto, o direito de exigir – agora que explodiu este
maior escândalo de todos os tempos – que sejam punidos todos os corruptos e
propineiros e ao mesmo tempo seja devolvido todo o dinheiro que ganharam com os
favores que concederam às empresas, que por sua vez têm também de ser punidas
rigorosamente.
Tem
muita gente que se locupletou com os escândalos da Petrobras que não foi citada
e nunca será citada. Mas está com seu dinheiro obtido com a corrupção
entesourado, guardado, livre de qualquer apuração. Esses são os verdadeiros
artistas da corrupção, os que não deixam seus rabos presos – ou, se os deixam, têm
suficiente prestígio, cartaz ou poder para não serem nem de leve investigados.
Esses
são os grandes artistas e prestidigitadores da corrupção.
O
que vou dizer é o óbvio. Todos os cidadãos de todos os países do mundo são
suscetíveis de corrupção, mas acontece que, no Brasil, além de serem
suscetíveis de corrupção, as pessoas são também suscetíveis de impunidade.
Assim
não dá!